Mariana Ximenes foi vestida de protesto na abertura do Festival do Rio, nessa segunda (09/12), no Cine Odeon. É que o evento só aconteceu graças a um financiamento coletivo — foram arrecadados R$ 620 mil — e ao apoio de empresas privadas. “Eu subi ao palco para dizer que o cinema brasileiro vai continuar, e a gente vai resistir. Quem ama o Brasil ama o cinema brasileiro porque ele reflete a nossa identidade”, disse Ximenes, a mestre de cerimônias do evento, que usava um vestido feito com cartazes de clássicos do cinema nacional — em novembro, a Ancine retirou a divulgação de filmes brasileiros da sua sede e do site — como “Macunaíma”, de Joaquim Pedro de Andrade, “O pagador de promessas”, de Anselmo Duarte, “Cidade de Deus”, de Fernando Meirelles, “Toda nudez será castigada”, de Arnaldo Jabor, e por aí vai.
E fez sucesso entre os convidados. “A Ximenes — tão linda, vestida com os cartazes do cinema — falando em resistência, falando em continuidade, falando em liberdade de criação. A cidade merece, o estado merece, merecemos todos”, disse Edson Celulari.
Depois dos discursos, sessão do filme de abertura, “Adoráveis Mulheres”. “De novo, uma atitude de fazer com que, num momento tão duro do mundo, a gente não deixe de sonhar, não deixe de querer amar, não deixe de querer ter um final feliz. Acho poético, acho romântico”, disse Christiane Torloni sobre o longa, comparando-o com “A Forma da Água”, ganhador do Oscar, que abriu a edição de 2017.
Os elogios foram muitos, principalmente para as diretoras do festival, Walkíria Barbosa, Vilma Lustosa e Ilda Santiago. “Esse movimento mostra que continuamos de pé e que cultura é o instrumento mais socializador e democrático do mundo. O Rio não é só violência, não é só miliciano, não é só editorial de morte; é editorial de cultura”, disse Antonio Pitanga. Depois do filme, os convidados de Liège Monteiro e Luiz Fernando Coutinho seguiram para festa no restaurante Assirius do Theatro Municipal.