Quem fala que o Rio é cosmopolita hoje é porque não sabe dos anos 20, a medir pela reconstituição feita por Ruy Castro em entre à época que vai do carnaval de 1919 à Revolução de 1930. “Metrópole à Beira-Mar” é o novo livro do escritor a ser lançado nesta segunda (25/11), às 18h30, na Livraria da Travessa de Ipanema, e em São Paulo, na quarta (27/11)), às 19h30, na Livraria da Vila. Segundo o autor, mineiro-carioca, foi seu livro mais difícil, ao mesmo tempo em que os quatro anos dedicados foram os mais felizes de sua vida.
Por que a década de 1920?
Por que comecei a me dar conta da quantidade de pessoas formidáveis vivendo no rio nos anos 20, existe um vácuo sobre essa época. Reconstruí o Rio de cem anos atrás, é uma cidade surgindo aos seus olhos. E que pessoas fabulosas! Era também uma época de muita droga como opium, morfina, cocaina e éter tb, chamados à epoca de vício elegante.
Se fosse para voltar no tempo, qual década você escolheria para começar num novo Rio?
Neste momento escolheria os anos 20, claro, foi onde eu passei os últimos quatro anos, inclusive convivendo com mulheres extraordinárias: Albertina Bertha, Bidu Sayão, Carmen Miranda, Cecília Meirelles, Gilka Machado, Chrysanthème , Rosalina Coelho Lisboa (poeta, namorada do tenente Siqueira Campos), Gilka machado (Alcindo Guanabara, maior jornalista da época, morreu na cama dela. O Alcindo morrer na sua cama equivalia a ter um navio encalhado na sua sala). Foram mulheres fundamentais para fazer a cabeça do país, muito adiantadas. E não posso esquecer da Eugenia Alvaro Moreyra, avó das jornalistas Sandra e Eugenia Moreyra da Globonews), atriz, diretora de teatro e primeira repórter mulher do Brasil.
Muitas descobertas?
Foi um apanhado de um tempo, meu livro mais difícil, muito mais do que as biografias, foi como centenas de mini-biografias. Indo do Carnaval de 1919 à Revolução de 1930.
Pessoas que nunca deveriam sequer nem ter pisado no Rio? E as que deveriam viver para sempre?
O Rio acolhe todo mundo, nessa época recebia jornalistas das províncias, conseguiam emprego e em pouco tempo já eram cariocas. Sempre foi assim, as pessoas vem pra cá e viram cariocas.
Qual seu sentimento quanto ao Rio atual?
O Rio sempre passou por situações difíceis, nunca como a atual, mas como aconteceu em outras vezes vai dar volta por cima. O Rio é indestrutível!