“Velhice transviada” (Objetiva), último livro de João W. Nery, o primeiro transgênero masculino de que se tem notícia no Brasil, que morreu no ano passado, será lançado na terça (22/10), na livraria Blooks, em Botafogo. Nery, psicólogo, escritor e ativista, percebeu como era difícil envelhecer como trans no Brasil: quem sobrevive apresenta um longo histórico de traumas e tem muitos desafios pela frente.
A Objetiva também preparou um bate-papo com o fotógrafo Lucas Ávila, que ajudou João no texto do livro; Sheila Salewski, viúva do autor que viveu por 22 anos com ele; Anyky Lima, travesti e diretora da Associação Nacional de Travestis e Transexuais; Jordhan Lessa, atualmente o único transexual reconhecido na Guarda Municipal do Rio; e Eduardo Michels, ativista e responsável pelo único relatório anual sobre assassinatos e suicídios da população LGBTQI no Brasil.
Nery constatou que, no Brasil, essa população — vítima fatal do ódio ou do descaso — não tem direito à longevidade. Por isso, decidiu escrever sobre os “transvelhos”, termo que criou para se referir aos transexuais e travestis que conseguiram ultrapassar os 50 anos. Além de contar sua história, o livro traz nove entrevistas com outros transvelhos. O prefácio é de Jean Wyllys.