Euforia é um sentimento de alegria e bem-estar experimentado em circunstâncias que envolvem diretamente o indivíduo ou que ocorrem no ambiente. A palavra “euforia” tem origem no Grego “euphoria”, que significa “capacidade de aguentar facilmente”, de “euphoros”, onde “eu” = bem e phoros = o que carrega. “Euforia”, a peça de Júlia Spadaccini, com direção de Victor Garcia Peralta, estrelada pelo ator Michel Blois, vai tratar de trajetórias de como levar adiante um corpo aparentemente morto.
Michel Blois conta duas histórias extraordinárias, em duas interpretações completamente diferentes, no cenário de madeira de Elsa Romero, que funciona como os espaços que os corpos ocupam. A primeira , um homossexual de 87 anos que está em uma clínica e não se mexe; a segunda, uma jovem hemiplégica que sofreu um acidente automobilístico.
São narrativas extraordinárias, incomuns, surpreendentes. O velho só ouve e fala o que sente, pois não perdeu a razão. Não tem voz, não enxerga, mas tem desejo. Tem a memória presente do que foi o sexo, do que ainda sente falta, de como a velhice é mais cruel do que o preconceito – como a ausência do prazer físico não é algo que liquide o sujeito.
A jovem começa a se transmudar de deficiente em mulher, encontrando, na sua interioridade, a mesma força que adquiriu nos braços. A alegria e o prazer estão lá, mas são mais do que um querer. Michel Blois transforma duas situações- limite, com a sua voz, o seu corpo, a sua capacidade de ator, em situações de vida. E apesar de nos provocar a tristeza e a angústia que o texto com competência indica, saímos com a certeza que viver é a grande euforia.
Fotos: Rodrigo Turazzi
Serviço:
Teatro Poeirinha
Quinta a sábado, às 21h
Domingo, às 19h