O músico Carlos Venturelli notou uma carência carioca. Morador de Copacabana, ele passeava pela orla, nessa terça (25/06), pouco depois das 10 da noite, quando encontrou turistas latinos procurando bares, clubes ou casas noturnas que tocassem bossa nova — o ritmos que nasceu nas areias da orla carioca — ou onde pudessem dançar. Nenhum veio à cabeça. Com a negativa, os turistas, cabisbaixos, disseram que voltariam ao hotel, mas que, até lá, o cheiro de esgoto em frente à Santa Clara estava insuportável.
Venturelli resolveu desabafar nas redes sociais e postar a epopeia dos turistas para encontrarem diversão no Rio, e logo teve várias respostas com indicação de lugares — segundo ele, porém, nenhum em dia de semana, depois das 9 da noite. Um até comentou que ele mesmo não conhecia a própria cidade. A resposta? Uma aula sobre como a cidade fervia culturalmente há 30/40 anos.
“Se me chamar de velho, ainda vão morrer de inveja, até porque vocês nunca viram um show do Queen, Legião Urbana ou RPM no Canecão; Tom Jobim na praia de Copacabana; Cazuza fazendo merda na Pizzaria Guanabara; caraoquês ao vivo no Manga Rosa ou música ao vivo no Cabeça Feita, em Ipanema; os shows do Circo Voador, na Lapa; Paralamas do Sucesso em São Conrado; casas noturnas como Calígola, Cantaloupe, Mistura Fina, Jazz Mania, Ballroon, Hippopotamus, Canecão, Help (maior boate da América Latina), e por aí vai… Tudo funcionando até altas horas… E hoje? Contentem-se com Ludmila, Anitta, Pabblo Vittar, baile de favela, sertanejo e pagode na Zona Oeste… E ser assaltado andando na Lapa, no fim de semana. Ah, existe o solitário Rio Scenarium lá e o Circo Voador, Pedra do Sal, mas é outra vibe e não na terça-feira, depois das 22h, que é o motivo do post. Ah, tem o quiosque da Skol com caipirinha de metanol, ops, 51, a ‘6 real’ vendida pelos ambulantes chilenos com as caixinhas de som com reggaeton… Depois de tomar duas dessas, ele pode morrer não só de inveja”.