Para muita gente da moda, o “Met Gala” dessa segunda (06/05), em Nova York, foi inesquecível. Os figurinos podem virar tese, peças de arte e, provavelmente, vão estar em futuros leilões milionários, ou seja, todo assunto é pouco. Um dos eventos mais esperados do ano — tem artista que prepara a roupa seis meses antes – não decepcionou e trouxe à tona o tema “Camp: Notes on Fashion”, uma expressão americana sem significado exato, usada para tentar definir o amor por tudo aquilo que é extravagante, exagerado, não-natural e, na moda, traduzido para roupas irônicas, engraçadas, fantasiosas, teatrais e até cafonas — em francês “se camper” significa “fazer uma pose exagerada”.
E isso teve de sobra, com muitas loucurinhas. Como não dominamos o assunto por aqui, chamamos a jornalista de moda Alexandra Farah, que ficou ligadíssima em cada entrada triunfal no tapete vermelho e listou os destaques da noite. “O camp é a vitória do estilo sobre o conteúdo.Temos que esquecer o varejo, a produção em massa e focar na moda como arte”, diz Farah sobre o ensaio Susan Sontag, de 1964, que inspirou o baile.
“Foi extraordinário, fantástico, inesquecível. Nós merecíamos algo assim! Escolhi minha favorita, mas vou começar pelas decepções: Gisele Bündchen e Salma Hayek, porque não transformaram o sério em frívolo, propriedade que é básica do ‘camp’, na definição de Sontag. Também desgosto de todas que usaram penas — fizeram uma interpretação rasa e muito literal do texto que afinal, deu origem à exposição. Naomi Campbell, belíssima, mas tão bela, que até abro exceção pra ela e esqueço que usou pluma de verdade, nada irônico, nada legal, nada a ver com o momento sustentável do mundo e dela própria; mas, enfim, ela é modelo e modelo do Valentino. ‘O gosto, em muitos casos, é uma sensibilidade que não está sujeita à soberania da razão’, diz o texto de Susan.
Mas eu tenho, sim, minhas razões individuais para escolher Janelle Monae minha favorida. O look dela é:
1. Novo e surpreendente — o que não foi o caso da cabeça de Jared Leto, desfilada ano passado na passarela da Gucci;
2. Inclui várias facetas do camp: remete à estética vintage, é meio Dietrich, meio ‘My Fair Lady’, é feminino-masculino, transforma uma coisa em outra, no caso, um vestido em quadro cubista de Picasso e usa a tecnologia para nos intrigar e divertir, com aquele bustiê/cílios que piscam!!!;
3. É camp do começo ao fim, já que foi muito bem executado por Christian Siriano, ele próprio um designer jovem e camp que surgiu de um programa de TV”.
Observações finais:
1. O que faz o dono da Amazon, Jeff Bezos, posando com as Kardashians? Que camp Jeff!! (Ele está solteiro na pista).
2. Para Lady Gaga, que transformou o tapete vermelho em palco ao fazer aquela performance absurda. Monster não decepciona. E para Katy Perry, que chegou de candelabro e vestiu um hambúrger na festa; simplesmente, porque eu, sendo vegana, aqui tudo acaba em hambúrguer!.