A colecionadora Odaléa Brando Barbosa morreu na tarde desta quarta-feira (13/03), na Casa de Saúde São José, em Botafogo, aos 91 anos. Odaléa, grande personagem social do Rio, era conhecida tanto pelas festas que dava quanto pela sua coleção de mais de 6 mil peças de arte sacra (das mais importantes do País) e do mobiliário brasileiro, principalmente dos séculos XVIII e XIX, além de coroas de prata, tapetes persas, prataria inglesa, opalinas, porcelana chinesa e relicários (garimpado por ela e pelo marido, o banqueiro Jorge Brando Barbosa ao longo de mais 50 anos). Tudo instalado num casarão na Rua Lopes Quintas (Jardim Botânico), num terreno de 12.000 m², doado em 2015 ao Museu de Arte Sacra de São Paulo, sob a promessa de depois da sua morte transformar no Instituto Jorge Brando Barbosa.
O casal, que não teve filhos, sempre dizia que era muita coisa pra deixar a poucos herdeiros – tinha medo de a coleção se dispersar, como acha todo colecionador. À época do prefeito Luiz Paulo Conde (de 1997 a 2001), pela grande especulação imobiliária (daria pelo menos quatro grandes prédios), preferiram tombar a propriedade, muito usada como cenário das novelas da TV Globo, pelos ricos da ficção. Tanto quanto para as missas em homenagem ao marido, seguidas de almoço, com a presença das cinzas, guardadas por ela.
Odaléa sempre foi frequentadora das mais queridas do Country Club, em Ipanema, de onde era sócia, além das inúmeras histórias, também pelo senso de humor: não resistia a uma piada improvisada com seu raciocínio rápido. Destemida com as palavras e com as decisões, por exemplo, em 2011 retirou a doação da mansão ao Exército, feita verbalmente dois anos antes, por, até aquela data, não ter sido oficializado seu gesto. Muitas gerações de cariocas conheceram sua espontaneidade e alegria. O corpo vai ser cremado nesta quinta-feira (14/03).