Luciana Caravello ama eventos duplos, como o que aconteceu nessa quinta-feira (21/03), em duas mostras. No primeiro andar da galeria homônima, em Ipanema, o artista goiano Marcelo Solá, com trabalhos inéditos, produzidos este ano, sobre a história do desenho, com influências desde os tempos das cavernas, até hoje, como o grafite. “Tem a ver com os muros das grandes cidades, com os cartazes nos muros, que vão se desgastando com o tempo e ao serem molhados pela chuva”, explica o artista.
No terceiro andar, “O espelho do Dragãozinho”, sob curadoria de Afonso Luz, em reedição inédita do espelho criado pelo designer Sérgio Rodrigues (1927-2014), na década de 1960, para a Oca — galeria que movimentou a cena cultural carioca. Os 30 novos objetos foram feitos pelos designers do Sérgio Rodrigues Atelier.
O nome da mostra homenageia um objeto que ficava na casa do artista, no Flamengo, em formato retangular, com um dragão no topo, entalhado em madeira. “Na nossa sociedade de massas desse novo milênio, talvez o espelho tenha se tornado apenas um objeto da história da arte. Hoje vivemos uma revolução sensível, em que a moldura dos telefones celulares, com sua superfície de cristal líquido, nos registra, em tempo real em microcâmeras, a sociedade numa cultura de selfie”, diz Afonso.