Há 35 anos no mercado, pela primeira vez, o Gula Gula passa por um reposicionamento de marca, além de um menu mais atual e enxuto, com consultoria da chef Carolina Figueiredo, a Cocó. Qual o carioca que não tem, digamos, um relacionamento sério com esse restaurante? Com uma cozinha afetiva, o Gula, fundado em 1984, no Leblon, por Fernando de Lamare, cresceu criando memórias gastronômicas para cariocas de todas as idades – e, na contramão da crise, abriu, até hoje, 12 lojas na cidade. A ideia foi de Pedro de Lamare, o herdeiro de Fernando, numa parceria desde 2012, com os sócios Patrícia Wiethaeuper e Eduardo Daniel, administradores de carreira e antigos franqueados; Pedro ficou com a parte de produto e marketing. Ele também acumula a função de vice-presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes do Rio (SindRio), do qual é presidente desde o ano passado.
O Gula Gula começou em 1984; hoje tem 12 restaurantes. Enquanto muitos desistiram, você sempre demonstra ânimo com os negócios. Explique-se.
O Gula nasceu do amor pela culinária. Cozinhar para os amigos (e clientes) sempre foi um prazer para o meu pai, Fernando. Nosso mérito foi conseguir manter e passar esse sentimento para nossas equipes.
Vocês passaram por alguma crise braba, de pensar em desistir?
Sim, várias, mas desistir, jamais. Todo empresário brasileiro é graduado em superar crises – o ano passado mesmo foi muito difícil. Porém, como temos uma gestão profissional, conseguimos prever, ainda no começo de 2015, que teríamos um período difícil e nos preparamos para isso.
Como faz para manter a qualidade?
Qualidade é um mantra no Gula. Trabalhamos o tempo todo pensando em como podemos melhorar. Meus sócios, Eduardo (Duda), Daniel e Patrícia Wiethaeuper, são incansáveis: Duda, na área financeira e comercial; Patrícia, em operações. Agradeço todo dia por fazer parte desse time.
É difícil conseguir mão de obra qualificada no Rio? Porque, em vários lugares, o serviço é péssimo. O que fazer para melhorar o atendimento nos bares e restaurantes?
Sim, a desigualdade gera uma série de problemas. Se pensarmos que um funcionário que trabalha na Gávea mora na Rocinha e medirmos a diferença de IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) entre os dois bairros, considerando acesso à saúde, educação, segurança etc., entendemos que é um problema que já vem de décadas.
Lá atrás, nos seus 20 e poucos anos, imaginava que o restaurante seria um sucesso?
Sim, já enxergava nos nossos clientes muito prazer em estar no Gula. Isso, sem dúvida, nos levou pra frente de uma forma natural.
Alguma novidade do Gula para 2019?
Várias. Fizemos um reposicionamento da marca. Mudamos bastante coisa no cardápio, acompanhando as tendências do mercado, e, até final de janeiro, todas as 12 lojas estarão com o novo menu. A loja do shopping da Gávea foi ampliada e reformada de acordo com o novo conceito, com projeto do nosso arquiteto Maurício Nóbrega. Nessa unidade, criamos o café do Gula, que, futuramente, será replicado em outras lojas. E ainda no primeiro semestre, inauguramos o Gula em São Paulo, em uma casa incrível, nos Jardins.
O Gula é um lugar de que as pessoas guardam referências, histórias, pratos prediletos. Você teria alguma curiosidade com clientes assíduos?
Temos várias. Seu Wilson, um cliente das antigas, criou o seu picadinho, que hoje está nas nossas sugestões. Ele só sentava na mesma mesa e ia à cozinha para orientar nosso cozinheiro a como fazer o salmão que ele pedia.