Quando criança, a atriz Luisa Friese adorava se fantasiar de Mulher Maravilha e, vestida como a heroína, ela participava das mais variadas brincadeiras. Mal sabia que, já adulta, voltaria a usar a roupa da personagem. A Mulher Maravilha é a figura central de “A maravilhosa história da mulher que foi tirar um retrato”, monólogo dirigido por Joelson Gusson, do provocador “Tran_se”, com o qual o ator foi indicado ao Shell em 2016. A montagem foi ideia da própria atriz, para tratar das transformações pelas quais a mulher passou da Segunda Guerra (quando a personagem foi criada) aos dias de hoje. E entram na roda temas como machismo (“Mulher de pernas de fora e busto alto: tudo o que os homens mais temem”), fetichismo e a inserção no mercado de trabalho.
Ao mesmo tempo que a personagem é poderosa, tem também suas fragilidades. “Ela leva um toco do namorado e, em seguida, telefona para a terapeuta”, destaca Luisa que usou fontes, como o livro “A história secreta da Mulher Maravilha”, da historiadora Jill Lepore. A liberdade sexual também entra na pauta. Numa cena, a personagem recebe telefonema da boneca Barbie, que reclama do desinteresse demonstrado pelo boneco Ken. “Por que você não namora o Falcon? Viril demais? Hum… Que tal a Suzi então?”, sugere ela. A peça está em temporada no Espaço Sergio Porto, no Humaitá, e está em cartaz até o dia 10 de dezembro, de sábado às segundas-feiras, às 19h30.