Aprendi que os desafios são nossos aliados disfarçados – são eles que nos fortalecem e nos apontam novas direções. Hoje sou grata aos desafios que a vida propõe. Quarta-feira, dia 10 de outubro, acordei e abri os olhos lentamente, me espreguicei e, meio que sem perceber, fui abrindo um largo sorriso, realizando que, após quase um ano, entre muitos desafios e enorme persistência, o tempo passou, e, depois de tanta expectativa, eu me encontrava finalmente no dia seguinte, realizada diante do grande sucesso que havia sido a festa de inauguração do meu novo projeto Alberta+Guests. Nesse exato momento, minha ficha começa a cair… Comecei a me vestir, me olhando no espelho, e pensando o quão impagáveis são as ferramentas que o tempo e as vivências nos dão. Hoje sei que, se tudo fosse fácil e sem esforço, não teríamos como criar os músculos necessários para subirmos os degraus mais altos e alcançarmos as vistas mais secretas e deslumbrantes de nossa existência; nesse caso, a meu ver, essa vista fica dentro de nós, e o acesso pode ser árduo.
Respirei fundo e voltei no tempo, lembrando que, há quase três anos, já repensando várias coisas em minha vida, fui pega de surpresa naqueles exames de rotina (que aliás são fundamentais), com a notícia de que teria de passar por um tratamento severo de quimioterapia, depois de receber o diagnóstico de um linfoma (de Hodgkins). Foi-se um mergulho profundo de um ano inteiro, em que, de forma abrupta, fui pinçada para fora do carrossel diário que costumava girar em rotação máxima. Nesse momento, descobri que, contrário às minhas crenças, na verdade não temos controle de nada, a não ser escolher entre duas opções: ficar se perguntando “por quê?” e como isso foi acontecer com você ou “para que” isso foi acontecer com você, e como eu posso transformar isso em algo melhor para a minha vida.
Sem titubear, escolhi a segunda opção, me fiz grata e tracei minha meta: renascer! Palavrinha profunda essa, pois, como uma fênix, é preciso se despir das penas, do bico e tudo o mais que põe nossa vaidade à prova, para nos elevarmos ou não. Mas, depois desse processo, quando nos renovamos, não somos mais a mesma pessoa. Com nossas dores e memórias, sabemos saborear como ninguém a vitória maior que é a vida, vida que te é dada de volta numa caixa de presente linda, com laço cor-de-rosa! (Ao menos, a minha tinha esse layout – rs). De cara lavada para o futuro, com o olhar renovado, dentro de uma realidade complicada de Rio e de Brasil, entendi que ser empresária de moda só valeria a pena se eu reinventasse minha história, baseada em meus novos conceitos e valores.
Teria que me adequar a uma nova realidade que fosse boa para mim e para todos que estivessem envolvidos no projeto; agora, a palavra co-working fazia total sentido. Depois de encontros que foram fluindo e me inspirando, através de toda essa energia, chegamos à formatação pioneira da Alberta+Guests, onde, através de uma escolha criteriosa, convidei um mix de marcas Brasil afora, para terem seu ponto de venda dentro da nossa estrutura, numa parceria e soma de forças para obtermos o resultado final.
Na contramão do momento sombrio e duvidoso em que vivemos, e mesmo com a falta de fé e incentivo de alguns, conseguimos trazer 23 marcas para iniciar esse sonho. E é nesse momento que olho novamente no espelho, me assusto com a hora, dou o retoque no batom, renovo o sorriso de gratidão por tudo isso, e corro a caminho da loja, para dar início a essa nova jornada!