O estilista Thomaz Azulay, da grife The Paradise, mesmo arrasado com o incêndio do Museu Nacional, nesse domingo (02/09), tem um motivo para comemorar, digamos assim: entre os móveis da sua casa, tem uma papeleira – presenteada por D. Pedro II a D. Teresa Cristina de Bourbon – que poderia facilmente estar numa das salas em chamas. “Triste pensar que um móvel da Imperatriz está mais seguro lá em casa”, diz ele. Lá em 1889, com a Proclamação da República, todos os bens da família imperial foram leiloados, e a papeleira estava entre os itens do 11º leilão do Paço Imperial de São Cristóvão, arrematada pelo Barão de Itacuruçá.
Em 1985, o móvel foi outra vez a leilão, e o pai de Thomaz, Simão Azulay (que fez história à frente da Yes, Brazil, nos anos 80), apaixonado pelas peças do Império, arrematou a papeleira. À época, vendeu um carro Mercedes-Benz novinho, avaliado em 450 mil cruzeiros; atualmente, um modelo da marca custa a partir de R$ 150 mil. “Ele foi ao limite para arrematar essa peça. Com certeza, foi um ótimo negócio: primeiro, pela preservação da história, e segundo, pela valorização. Ele dizia que não podia colocar a Mercedes na sala”, diz Azulay, que herdou do pai a paixão por História. “A catástrofe que nós, brasileiros, vivemos no domingo foi muito mais do que um incêndio em um prédio histórico: queimamos nossa História, Cultura, o pouco que restava… Com um presente tão apressado e um futuro tão questionável, precisamos valorizar nosso passado”, completa.