“Crivella mostra todos os dias que é um fundamentalista religioso. A reabertura dessa mostra no Rio pode ser uma derrota enorme para o prefeito”, disse Gaudêncio Fidélis, curador da mostra “Queermuseu”, durante a inauguração nesse sábado (18/08), nas cavalariças da Escola de Artes Visuais (EAV). Citava também sua gratidão pelo Rio. Ainda pela manhã, os organizadores receberam uma notificação da Justiça informando sobre uma liminar que impede a entrada de menores de 14 anos mesmo acompanhados dos pais tendo como justificativa que a mostra contém “nudez e conteúdo sexual”, além de uma manifestação pacífica de 20 pessoas (contadas) de organizações religiosas e do MBL (Movimento Brasil Livre).
O dia continuou agitado, com filas imensas, shows, muitos desavisados e público pra lá de diverso – foram mais de seis mil pessoas, segundo estimativas de Fabio Szwarcward, diretor da EAV, que promoveu um financiamento coletivo recorde no país, com arrecadação de R$ 1.081.176,00. Ele é o principal personagem dessa “resenha”, como falam os personagens de João Emanuel Carneiro.
No discurso, Fabio também lembrou da proibição de Crivella com a vinda da mostra inicialmente no Museu de Arte do Rio (MAR). “Ele disse que aconteceria só se fosse no fundo do ‘mar’. Pois bem, estamos reabrindo e, pelo que me consta, não estamos em Atlântida (em menção à lendária ilha submersa descrita por Platão)”. Por ali, 214 trabalhos de 82 artistas – fotos bombaram durante o dia inteiro nas redes sociais -, além de atrações como o grupo Baque de Mulher, a DJ Tatah Toscano, Laura Finocchiaro, Taís Feijão, Gabi Buarque, Banda Virótica, Ballet Underground e DJ Tata Ogan, além da apresentação do coletivo Isoporzinho das Sapatão e da festa Mariwô, que combina música e artes visuais. A exposição em si – como dizer? – quase que pouco importa comparado ao mais importante, que é ter acontecido depois da ameaça de censura.