Qual é a sua Copa? Perguntamos a algumas mulheres – a atriz Alexia Deschamps, a fotógrafa Ana Quintella, a jornalista Glenda Kozlowski, a advogada Narcisa Tamborindeguy, a empresária Priscilla Levinsohn e a filósofa Vivi Mosé. Umas entendem mais de futebol do que muitos homens, gritam com Tite durante a transmissão dos jogos do Brasil ou apenas vão com o fluxo como torcedoras, empolgadas com a adrenalina de um mundial. Outras continuam sem saber a diferença entre zagueiro e atacante, preocupadas mesmo com as quedas de Neymar ou em observar os adjetivos superlativos dos jogadores. E ainda as que, de tão politizadas e ligadas às notícias trágicas do País, em pleno ano de eleição, torcem a cara para um esperado hexa. No fim, todas têm espaço e opiniões sobre sua “Copa particular”.
Alexia Deschamps (atriz):
“Apesar de achar que o brasileiro está precisando de um pouco de alegria, de felicidade, afinal de contas temos um Congresso tão inimigo do povo, uma Justiça tão injusta, estamos sofrendo todos os dias, a gente tá matando um leão por dia neste País com a destruição da Amazônia, do meio ambiente, da cultura… Enfim, com vitórias terríveis ruralistas, bandidos ganhando alvarás, então realmente acho que não é o momento, infelizmente, de tirar o foco. E acho que eles ficam esperando essas festas da Copa do Mundo para ‘canetar’ absurdos, como, por exemplo o aumento do seguro saúde, que é uma coisa que a gente já não tem mais – está inviável. O País não dá saúde pública nem particular, as regras estão inviáveis, absurdas. Infelizmente é um Congresso que não protege o seu povo: protege empresas. Então acho que não é o momento mesmo para Copa. Eu não daria agora essa Copa para ninguém, entendeu? Acho uma ‘cafonalha’ esse negócio de fogos, acho horrível porque eu penso nos animais. Então é isso: eu não estou num momento tão relaxada com Copa do Mundo para curtir, sabe?”
Ana Quintella (fotógrafa):
“Minha Copa são todas as Copas, mas principalmente aquelas em que o Brasil é campeão. Como sou super Pacheco (?), minha Copa do momento é a atual porque estou acreditando no hexa. De um modo geral gosto de assistir com o Hélio (de la Peña, seu marido), meus meninos e amigos próximos e, de preferência, com uma TV bem grande – meus amigos Miguel Pinto Guimarães e Paula Marinho me acostumaram muito mal.”
Glenda Kozlowski (jornalista):
“Espero que minha Copa seja estar na final e ver o Brasil hexacampeão. Seria um momento muito emocionante profissionalmente e também como brasileira. É um privilégio estar acompanhando a Seleção Brasileira na minha quarta Copa. O segundo jogo, Brasil X Costa Rica, foi um momento de grande emoção. Os dois gols nos acréscimos; o Brasil precisava ganhar aquele jogo. Foi no sufoco. Cheguei a sair do estádio pra respirar.”
Narcisa Tamborindeguy (advogada):
“Falta, pra mim, é quando chutam o Neymar. Torço muito por ele. Minha Copa é intensa, me fantasio – adoro as comemorações e a autoestima geral – todo mundo mais feliz por causa de um gol. Comemoro em casa de amigos. O que entendo é gol e pênalti, mas o que não dá pra entender é que todo mundo quer tirar o Neymar.”
Priscilla Levinsohn (empresária):
“Minha Copa é a do Brasil sem corrupção. Incrível que, com todos os problemas que estamos enfrentando, o povo ainda se preocupe tanto com Copa do Mundo. Minha Copa é a de boas eleições, Copa onde o jogador brasileiro aprenda a ser menos arrogante e mais subordinado. A verdade é que me parece incrível, num ano de eleição tão importante para nosso futuro, o povo fique preocupado com futebol. Isso é uma ignorância, uma falta de sensibilidade e objetividade. Quase uma displicência.”
Vivi Mosé (filósofa):
“O futebol me representa, eu amo o futebol. A ginga do futebol, a arte do futebol, a capacidade de jogar em equipe, a competitividade da Copa do Mundo e o alto nível técnico. Tudo isso, misturado, produz um espetáculo belíssimo, e nós mostramos ao mundo sempre, mesmo quando a gente perde (menos de 7 a 1), está sempre mostrando que joga em equipe e sabe lidar com essa coisa do grupo. A gente tem essa arte, essa ginga, essa beleza. Quando se fala hoje do Brasil, temos um retrato muito horroroso do País, da corrupção, do jogo por debaixo dos panos, da pequena e da grande falta de ética. Mas eu prefiro me identificar com o futebol. Acho a Copa uma delícia. Acho bonito quando ganha, quando perde. Claro, quando o Brasil perde, não. Mas tem sempre uma beleza naquele jogo, naquela competição. Outra coisa legal de dizer é que nós, brasileiros, estamos precisando elevar nossa autoestima, e o futebol está fazendo isso. Essa é minha Copa, a Copa da autoestima. Tomara que o Brasil siga até o fim, que seja campeão, e que essa intensidade, essa alegria que transcorre seja um motor para transformar o Brasil num lugar melhor.”