Fala-se muito em empoderamento feminino, que as mulheres podem ter lugares nas direções de empresa, dirigir caminhões, serem operárias. Porém, nesse movimento, pode acontecer de as mulheres ocuparem as funções ditas masculinas e nem serem reconhecidas. É disso que trata A Guerra Não Tem Rosto de Mulher, em cartaz no Espaço Furnas, neste fim de semana, com entrada gratuita.
Concebido e dirigido por Marcello Bosschar, a peça é baseada no livro da Nobel Svetlana Alexievich, que relata as histórias de mulheres nas linhas de frente e em casa, sobreviventes da Segunda Guerra. Na peça, sem cenário, apenas as atrizes Carolyna Aguiar, Luisa Thiré e Priscilla Rozenbaum, com um figurino que lembra um uniforme assexuado, vão dando voz e gestos às histórias, sem nenhuma referência a tempo e lugar.
“Ao retirarmos referências geográficas e culturais, fazemos com que ‘a Guerra’ possa ser qualquer guerra, inclusive as urbanas, que estão tão próximas de todos nós. O que restou foram mães, irmãs, filhos e avós. Todos nós entendemos a linguagem da perda, da esperança e do amor. A peça é universal, pois é humana. São mulheres que morreram e outras que sobreviveram nas guerras passadas e nas presentes”, resume o diretor.
As atrizes, em textos curtos, que, apesar de não haver nenhum diálogo clássico, falam diretamente, o que cria um clima de proximidade com a plateia e um envolvimento maior. Não há lamento, apenas relato, quase que uma contação de histórias que nos faz pensar em como a situação feminina vem sendo esmagada. Por isso, companheiras, a luta continua.
Serviço:
Espaço Furnas Cultural
Sábados e Domingos, às 19 horas