Paulo Müller, grande nome da cirurgia plástica carioca, está completando este ano quatro mil faces operadas, ou seja, já vivenciou inúmeras fases da profissão, vendo muitas técnicas chegarem, partirem, e outras permanecerem para sempre. O médico analisa o momento atual e fala também da relação cirurgia plástica x dermatologia.
A dermatologia está tomando o mercado da beleza, com preenchimentos, lasers, aparelhos?
Vejo a cirurgia plástica e a dermatologia como coisas complementares. Para rosto caído, bolsa nos olhos, papada, procurar um dermatologista é ilusão; pode até atenuar, mas, nesses casos, por exemplo, a cirurgia é mais garantido. Um não substitui o outro – como disse, se complementam.
Nesta crise as pessoas não tendem a procurar um tratamento mais barato, com um pós-operatório mais curto, até por uma recuperação mais rápida?
Realmente, é atraente, mas tudo depende do resultado que a pessoa deseja – se for um mais duradouro, mais eficaz, é a cirurgia, sem dúvida. É preciso considerar que existe o pós-operatório; por exemplo, para um facelifting, é de duas a três semanas.
E esse tratamento de congelar a gordura no próprio corpo é útil, afinal?
É o criolipólise. Tanto os dermatos quanto alguns cirurgiões o utilizam para modelar e reduzir a gordura localizada, porém, se a quantidade de gordura for maior, só a lipo vai resolver
Atualmente, tem máquina pra tudo: celulite, estria, mancha, flacidez etc…..
As pessoas andam querendo tudo rápido e sem esforço. A plástica ajuda a manter, e os dermatologistas complementam. No meu consultório, vejo que quem está bem cuida da alimentação e, principalmente, faz exercícios físicos.
A moda chegou até a cirurgia plastica: uma fase é peitão, outra é peitinho; nariz maior ou nariz menor … e assim vai. Existe tendência até na cirurgia plástica?
É preciso ter cuidado com isso porque seu corpo não pode ser modificado assim; isso não é uma brincadeira, não é moda, não é descartável. Na minha opinião, vale o clássico, bonito em todas as épocas e em qualquer lugar do mundo.
A Internet ajuda ou prejudica as cirurgias?
Acho que ajuda. Uma recém-operada que se queixa de algum problema pode enviar ao cirurgião a imagem pelo WhatsApp ou fazer uma videoconferência; podemos até resolver por esse meio. Até pouco tempo atrás, teria de vê-la pessoalmente, no dia que fosse, até porque um recém-operado não sossega fácil. Mas também prejudicou – leem muitas notícias falsas, aprendem técnicas, informam-se de tudo e chegam com ideias preconcebidas, quase sempre, inadequadas.
Vivendo no Rio, cidade que aparece muito ligada à violência ultimamente, atrapalha a vida de vocês?
Acho que já disse: não existe bala perdida que tire da cabeça de uma mulher se operar. Passamos por muitas crises, mas continuamos todos operando, desde os mais jovens, como meu filho Antonio Paulo, até os mais experientes, como Carlos Fernando Gomes de Almeida, Volney Pitombo ou Farid Hakme.