Quando qualquer iogue ouve o nome Antônio Tigre, vem à cabeça as maravilhosas aulas de Iyengar Ioga, sempre com salas lotadas por quem conhece e sabe a importância dessa prática na vida de todo mundo – atualmente, ele é professor no Yoga One, na Gávea. É o preferido também por artistas, como Marcelo Serrado e Rodrigo Santoro. De certo tempo pra cá, Antônio se dedica também a ensinar ioga a crianças, o que começou mesmo antes de ser pai de Nina, do casamento com a atriz Juliana Terra, também praticante apaixonada, talvez tanto quanto pelo marido – rsrs. O próximo curso, “Como ensinar ioga para crianças – descobrindo sua criança interior”, será nos dias 7 e 8 de abril (módulo 1) e 5 e 6 de maio (módulo 2), e no dia 14, workshop de Iyengar só para joelhos e pés, no Espaço Rampa. Inscrições e informações: [email protected] ou (21) 9 8105-2146.
Quais as diferenças entre ioga para adultos e para crianças?
A diferença é que ioga para crianças é uma profunda transformação na célula que ainda está em formação. Para adultos, a célula já está completa; então a ioga funciona como um remendo para consertar a estrutura desalinhada. Basicamente, o adulto fica dependente da ioga para manter seu corpo saudável, enquanto a criança pode consertar o corpo em um nível que, talvez no futuro, não precise tanto da prática, e pode trabalhar a meditação, que é o aspecto mais elevado da ioga.
Quais suas técnicas para encantá-los?
A criança não se importa com a evolução espiritual ou a saúde do corpo; ela quer é se divertir. Então, através do trabalho lúdico da música, do teatro e contação de histórias, transmitimos os conhecimentos milenares com muita alegria e amor.
Em que a ioga pode ajudar no dia a dia para qualquer um?
A ioga é um profundo processo de autoconhecimento e evolução. Nossa sociedade é muito voltada para o trabalho externo e mundano, em que os valores fundamentais são ganhar dinheiro e fazer sucesso. A ioga nos apresenta o caminho para a fonte da felicidade que habita o coração de todo ser humano.
Em 2015 você lançou “As aventuras do menino iogue”, algo em comum entre o personagem e você?
“O Menino Iogue” pode ser um alterego para mim, mas se tornou um herói para as crianças. Elas se identificam com ele, diferentemente de todos os heróis que querem destruir seus inimigos, que têm armas superpoderosas e são egocos (autocentrados). O menino iogue, simplesmente, quer encontrar seu mestre, ensinar ioga para os amigos e encontrar a felicidade interior através de uma boa aventura.
Você disse certa vez em entrevista ao O Globo que deu aula para atores, executivos e ouvia deles que “estava difícil de se encontrar”. Em contrapartida, dava aula na favela, e lá as pessoas eram felizes soltando pipa. Pode falar disso? Ter ou não ter dinheiro, neste caso, interfere em que?
Os valores da sociedade ocidental foram muito deturpados por influência do capitalismo, que se tornou uma espécie de religião. Ficou estabelecido, cientificamente, que, ao fazer sucesso e ganhar dinheiro, você encontraria sua felicidade. Isso é mentira, pois as pessoas que alcançaram sucesso e dinheiro não estão plenas nem satisfeitas; pelo contrário, estão sempre querendo mais e mais, são um poço sem fundo de desejos. Quando a pessoa encontra a simplicidade da vida, ela enxerga a plenitude de existir apenas com o necessário para viver bem. Quanto mais você tem, mais tem que administrar problemas. Quando você encontra uma vida simples e equilibrada, você tem tempo para cuidar de si, utilizando só as coisas que são necessárias. Você pode encontrar a fonte da felicidade que habita o seu coração e manter o equilíbrio do Planeta e das pessoas ao seu redor. Assim, ficamos todos plenos e satisfeitos.
Que transformação a prática da ioga trouxe pra você?
Foi minha salvação. Comecei a praticá-la com 17 anos, em Asharam, Nova York. Lá, eu encontrei uma gurua que despertou o amor que existe no meu coração. Dali em diante, começou a minha jornada do autoconhecimento, que continuo trilhando. Ainda sou um iniciante, mas já sinto grande alegria e vou ensinando para os meus alunos as descobertas a cada dia. A gente vai evoluindo e se aproximando mais da luz divina que habita o nosso coração. Eu tinha um corpo muito rígido, sentia dores nas costas, era muito ansioso e revoltado. A ioga me deu uma luz, um trilho pra descobrir que existia outra forma de viver, com mais alegria e felicidade. A gratidão que eu tenho pela ioga eu retorno para os meus alunos como uma forma de continuar esse ciclo de evolução e transformação do ser humano.