Sabemos que, no Brasil, o radicalismo – seja religioso, político, racial ou de gênero – tem imperado nesses tempos intolerantes. Nesse sábado (07/04), o músico mineiro Max Lisboa, que morou por 10 anos em Portugal e voltou ao País em 2014, foi contratado para se apresentar no restaurante Pop & Kid, na Praça Sete, em Belo Horizonte. Ao chegar, segundo o artista, foi recebido assim pelo gerente Nelson: “Um homem de cabelo tingido e olhos azuis postiços disse que iria cortar meus ridículos rastafári. Comecei o show e, no intervalo, a provocação continuou, com ele me perguntando se eu estava feliz com a prisão de Lula. Respondi que Lula não poderia estar preso desde que eu estivesse livre, pois eu sou Lula”, descreveu Max, deixando bem claro seu ponto de vista político. “Ele disse que se eu fosse Lula, jamais iria tocar novamente no restaurante, enquanto ele fosse gerente. Chamei-o de babaca, peguei meu cachê e disse que o processaria. O cenário brasileiro é esse”, diz Max.
E finaliza: “Estou me sentindo muito humilhado e triste. É deprimente estar sendo colocado em xeque por posição política”. Nesta segunda-feira (09/04) à noite, Max vai buscar soluções para saber como agir no Sindicato dos Músicos Profissionais de Belo Horizonte. Leandro Câmara, um dos sócios do Pop & Kid, pediu desculpas ao músico. “Ficamos muito tristes com o seu relato e muito preocupados com a atitude do Nelson, que não é o gerente da casa; estava cobrindo férias do encarregado da noite. Nelson já não está mais no cargo. Vamos corrigir tal posicionamento, pois está totalmente contrário aos nossos ideais. Como estabelecimento público, nossa posição é apartidária e não falamos de política. O respeito à diferença de posicionamentos, crenças e raças faz parte da nossa história de 26 anos.”