Ao me formar em Jornalismo na Faculdade da Cidade, em 1994, minha monografia virou o livro “131 Posições Sexuais – o sexo na visão de 131 personalidades”. Entre os depoimentos, estava o de Tônia Carrero, a linda e talentosa atriz que morreu na noite desse sábado (03/03), aos 95 anos, de parada cardíaca, na Clínica São Vicente, na Gávea. Reproduzo aqui parte do que foi dito por ela:
“Foi para a minha geração um privilégio poder usufruir com calma e ciência as conquistas sociais de uma profissão e a dos companheiros de cama. Helás! Hoje o perigo domina novamente os encontros de amor. O grupo de risco – que horror! A mulher recua, o homem igualmente receia, e se recomenda o amor em embalagem plástica, como se os dois se vissem através de uma cortina, uma névoa indispensável, que ao melhor do amor vai turvar. Oh, saudades dos belos tempos. E, sem querer, volto a Vinicius, o poeta da paixão. Quantas vezes o ouvi aconselhando amigos e amigas: “Amai-vos crianças, amai-vos sempre, sem pudor e sem pecado. É dando que se recebe…” Com aquele brilho e aquele sorriso lindo e maroto cujo subtexto era o famoso: “Que não seja imortal posto que é chama, mas que seja infinito enquanto dure”. Ah, os poetas de hoje, calculo quanta frustração, quanto sofrimento, quanta luz desperdiçada enquanto o sexo não puder se expandir como outrora, agora. Que ela vá se embora, a doença má, a mais triste, a do final do milênio, e o sol ardente do sexo volte a brilhar resplandecente e poderoso, amém”.
Tônia fazia referência aqui a AIDS – era década de 90!