Que mistérios tem Clarice? Está na canção e no coração e mente de todo e qualquer apaixonado por Literatura. Clarice Lispector paira sobre nossos escritores de forma mítica, pela qualidade de sua escrita. Existe, porém, uma outra Clarice: cronista, pensadora, cotidiana. Essa é a Clarice que Rita Elmor escolheu para “Clarice e Eu: O mundo não é chato”, em cartaz no Maison de France.
Diferentemente das encenações biográficas, quando o ator encarna o biografado de forma mimética, com andar, voz, entonação, gestos, Rita escolhe um outro caminho: não é um revival de Clarice. É uma atriz interpretando um texto, fazendo diferentes vozes, com foco total no texto da autora, falando na primeira pessoa ou fazendo as vezes de narradora, o que faz pensar no significado da palavras.
Conheci Rita Elmôr na Uni-Rio, no curso de Artes Cênicas, uma relação de 20 anos. Fiz uma produção de viagem em Fortaleza do espetáculo “Que mistérios tem Clarice”, sua primeira montagem profissional e já consagrada. Em 2016, convidou-me para produzir uma nova montagem sobre Clarice Lispector. Fez um ensaio aberto do processo desse novo espetáculo no Instituto Moreira Sales, no aniversário da Clarice, e ali eu me vi naquela história. Apesar de não ter produzido a primeira montagem, a relação com a Rita é daquelas que não importa onde ou quando, estaremos juntos sempre”. Chris Nascimento, produtor, sobre a corajosa e vitoriosa aposta.
Rita tem força-motriz. Conta como é a sua relação com Clarice. Mistura e sobrepõe a sua própria história de vida à trajetória da autora: feminino, a arte, a maternidade, a relação política do mundo. Novas perspectivas, como novas curvas do Capibaribe , que banhou a infância de Clarice. Ou novo movimento das ondas do Leme, onde Clarice bebeu. É Clarice desvendada, de fácil acesso, um furacão de talento. Assim como a própria Rita.
Serviço:
Teatro Maison de France
Sexta a domingo, às 19h:30