A segunda-feira (26/03) no Rio esteve longe de ser monótona para o povo das artes. No Oi Futuro, no Flamengo, teve abertura de exposição tripla: “Grande Campo: “Kayapó”, de Milton Guran, “Republico”, de Ricardo Cotrim, e “Desdidática”, de Rafael Adorján, todas com curadoria de Alberto Saraiva. Na área externa chama atenção a foto de 120m² de um menino da aldeia indígena de Kayapó, que segundo Saraiva, tem o objetivo de aproximar o público do artista e vice-versa. “A imagem mostra um menino com a pintura corporal Kayapó em frente a construções de alvenaria de sua aldeia. Fiz essa foto na década de 90 e ela representa a diversidade cultural, nossa maior riqueza social e simboliza a luta dos indígenas e de todos nós”, diz o jornalista, antropólogo e fotógrafo Guran.
Já Cotrim, mestre em música pela UniRio e um dos fundadores do Grupo Cultural Cordão do Boitatá, levou ao espaço materiais sonoros de registros feitos numa das muitas manifestações de rua em 2013, contra o aumento das tarifas de ônibus, na Cinelândia. “Meu interesse está nas memórias, imagens, emoções e sensações da cultura popular através do som. Nessas manifestações, vemos a incapacidade da nossa sociedade em se mobilizar por causas comuns básicas, como saúde e educação”, diz o compositor. E “Desdidática”, do fotógrafo e artista visual Adorján, que recria a memória do ensino brasileiro através de slides usados nas salas de aula do país entre as décadas de 1930 e 1960 e arquivados no antigo Instituto Nacional de Cinema Educativo (INCE). “O objetivo é uma reflexão do projeto político-pedagógico do governo durante a Ditadura”,diz ele. A palavra inventada teve inspiração na poesia do mato grossense Manoel de Barros.