O carioca Gustavo Dale sempre foi sócio-do-clube-que-jamais-passou-despercebido. Seria bem encaixado na definição da música “moreno, alto, bonito e sensual”. Sempre causando sensação nas noitadas. Advogado bem-sucedido, a certa altura começou a sentir um vazio – aquele! -, e não ver muito sentido na vida que levava. Para ele, era claro que faltava alguma coisa – o que ficou ainda mais forte durante uma viagem à Índia, em 2015, quando esteve no país como muitos praticantes de ioga fazem. Voltando ao Brasil, Guga resolveu ir conhecer Piracanga (perto de Itacaré, na Bahia), uma ecovila que oferece terapias holísticas e cursos de autoconhecimento. Ali, por exemplo, fez o curso de leitura de aura: a virada aconteceu. “Depois que tive coragem de sair da zona de conforto, ao pedir demissão de um emprego estável e bem-remunerado, tive a oportunidade de tirar um ano sabático, quando caiu a primeira ficha: a viagem que eu precisava fazer era pra dentro”, diz. Quem conhece Guga percebe outro clima, outro olhar, outro estado de espírito. “Já consegui me livrar de muito peso desnecessário. Muita coisa que eu considerava importante deixou de fazer sentido porque, na verdade, eram importantes apenas para o meu ego”, afirma. É perceptível que cada vez mais, Gustavo muda as suas referências na vida. Seu próximo passo vai ser o Centro Holístico de Transformação Pessoal, para muito breve.
A vida mundana briga com uma vida de espiritualidade? Dá jeito conciliar as duas coisas?
Não existe essa separação. Para os que escolheram viver num grande centro, não é possível abandonar a cidade. O que mudou foi minha percepção, a forma de me relacionar com o mundo. Não condiciono mais meu estado de espírito a fatores externos, sendo mais honesto comigo mesmo. Difícil era a vida antes, quando eu gastava energia pra sustentar as máscaras; agora busco a minha essência. Me vejo atravessando uma ponte, onde, de um lado, está o mundo das aparências, da inconsciência, do apego, da limitação, da separação, da identificação com a forma, do medo, do sofrimento, da ilusão, da preocupação, da culpa, do vitimismo, da reclamação, da insatisfação eterna. Do outro lado, está o mundo da consciência, da presença, da aceitação, da gratidão, da beleza, da plenitude, do amor incondicional, da unidade, da autenticidade, da honestidade e das infinitas possibilidades. Porque essa ponte é, na verdade, o meu processo de autoconhecimento, que, por sua vez, é infinito.
Quando e como aconteceu essa mudança?
Foi um processo, começou na Índia, em 2015. Já pratico Ioga há 20 anos; acabei encontrando muito mais. A virada mesmo foi depois do curso de leitura de aura, Piracanga: foi uma experiência transformadora, corpo etéreo, limpeza, cura.
Do que mais você abriu mão até aqui?
Abri mão da zona de conforto e da prisão que eu mesmo tinha criado pra mim. Abri mão do peso de ter que ser alguma coisa.
Em que fase está atualmente?
Fase de encarar minhas sombras com amorosidade.
Um cara bonito, conta bancária positiva, saúde, família e amores em dia, como percebeu que faltava algo?
Quando não via sentido em nada do que eu fazia. Ao alcançar a estabilidade financeira, sucesso profissional, por exemplo, percebi que não era isso, que faltava alguma coisa.
Você era vaidoso, cuidava muito do aparência. Aconteceu esse “descarte” de roupas de grife, acessórios etc? Doou, fez bazar, algum amigo implorou uma malinha? Fale da sua relação com dinheiro agora.
Cuidar do corpo é saudável, não pode é se limitar a um personagem, a uma figura. Existe uma crença de que quem está na busca espiritual tem que se desapegar de tudo. Mas isso é pura bobagem. A questão é como você se relaciona com o dinheiro – dinheiro é bom, e todo mundo gosta. Mas o cuidado é para o dinheiro não ter você em vez do contrário. Condicionar seu estado de espírito, ter e criar dependência emocional só vai gerar sofrimento, inevitavelmente porque os desejos do ego são insaciáveis. Dinheiro é bom para nos dar liberdade, não para nos aprisionar.
O que diria a uma pessoa interessada em autoconhecimento que não sabe nem por onde começar?
Tem muitos caminhos, e a pessoa tem que descobrir o dela. Olhando para as questões mais profundas, vão surgindo as respostas. Não tem cartilha ou regra; essa descoberta é um processo muito pessoal. Eu indicaria um documentário: Samadhi (tem youtube) – é esclarecedor.
O que vai ser exatamente o Centro Holístico de Transformação Pessoal?
Uma escola de que vai oferecer cursos, palestras, terapias quânticas e imersões. Um lugar para acelerar o processo de autoconhecimento de quem estiver sentindo esse chamado.