A contemporaneidade se marca pela realização do desejo. Operações de alteração de gênero, lentes de contatos coloridas, megahair, inseminação artificial, todas são técnicas correntes ao alcance do dedo. A inteligência artificial começa a substituir o homem em muitas funções. E como acontece esse diálogo? O espetáculo “Siri“, em cartaz no Oi Futuro, trata justamente dessa forma de encontro: o homem e o artificial.
Peça de Laurence Dauphinais e Maxime Carbonneau, com tradução de Letícia Tórgo, transforma aplicativo Siri do iPhone em personagem. A atriz Laurence Dauphinais está em busca de sua verdadeira origem, pois foi inseminada por um doador anônimo. E procura, no diálogo com a máquina, achar respostas além da programação e que sejam capazes de suprir o seu vazio.
“Nossa intenção aqui é aprofundar uma investigação por conta de todas as mudanças de paradigmas pelas quais estamos passando em nossas relações. Esses organismos digitais estão se tornando cada vez mais autônomos e humanos em nosso dia a dia. Em um contexto dramatúrgico, tentamos desvendar os limites da linguagem de SIRI, suas restrições de programação e falhas retóricas na estrutura binária de pergunta e resposta a partir de onde pode surgir, inclusive, poesia. SIRI é programada para dar versões diferentes de respostas a uma mesma pergunta. Como não tem memória, o objeto teatral é construído através da insistência e repetição. Nosso desafio, a partir dessa retórica incomum de linguagem, desta busca por respostas, é conhecer suas estratégias para avançar com a história no palco, ao vivo”, explica a atriz.
Mais que desvendar a tecnológica, a sua programação, Laurence desenvolve um percurso no qual o aplicativo, o telefone, o computador nada mais são do que coadjuvantes do processo que tem movido a humanidade: quem sou, de onde vim, para onde vou, o que faço aqui. Essas perguntas ainda só podem ser percebidas por essa junção de carne e osso.
SERVIÇO:
Oi Futuro Flamengo
Quinta a domingo às 20h