Havia um professor de Filosofia que dizia a nós, alunos: “O que eu digo não se escreve.” Palavras o vento leva, mas também existe a máxima “vale o escrito”, do jogo do bicho. Entre falar, escrever, anotar, registrar e se perder, tem vivido a humanidade, tentando entender o que vem a ser essa tal humanidade. “O Julgamento de Sócrates”, no Teatro Cândido Mendes, atualiza esse impasse.
Com texto de Ivan Fernandes, a peça marca a celebração dos 50 anos de carreira do ator Tonico Pereira, com seu primeiro monólogo. Tonico se apresenta de forma franciscana: sandálias, um conjunto de algodão para, apenas com a força de sua interpretação, realizar um grande e complexo espetáculo.
“Não queria falar de nada sobre isso diretamente, até porque muitas pessoas estão sem distanciamento. Então me ocorreu dizer que tudo virou um grande julgamento: a sociedade, as redes sociais etc. Dessa ideia me veio o julgamento de Sócrates, que é considerado o maior da história e, por muitos, o ponto inicial onde a sociedade rejeitou a razão em nome de outros interesses. Isso ilustra muito os dias de hoje”, conta Ivan Fernandes, o autor.
Um prólogo, no qual Tonico registra suas origens desde Campos; a chegada ao Rio dá lugar a um salto no tempo, para simular a autodefesa de Sócrates em seu julgamento. É esse texto que expressa a angústia do homem, os valores éticos que ainda continuam perdidos e, sobretudo, a forma como o homem pode escolher o seu próprio destino.
SERVIÇO:
Teatro Cândido Mendes
Sexta, Sábados e Domingos às 20 horas