Se você é do tipo aventureiro, ou mesmo se tem dificuldade de fazer uma mala para viajar no fim de semana, vai adorar ouvir os atores e apresentadores Max Fercondini e Amanda Richter falarem nesta segunda (04/09), às 16h, no estande da Submarino (E20 do Pavilhão Azul), na Bienal do Livro do Rio. Eles vão esclarecer como se prepararam e o que viveram durante seis meses a bordo de um motorhome, que rodou 21 mil km pelo Uruguai, Argentina, Chile, Peru, Equador e Colômbia. O percurso virou um livro, “América do Sul Sobre Rodas” e uma série de mesmo nome, disponível para não assinantes na Globo.com. A publicação está muito bem editada, com dicas práticas e valiosas e ainda QR Codes que levam a cenas de making of e outras inéditas, que não estão no programa.
Na entrevista, Amanda fala pelos dois, juntos há nove anos e morando na Barra. A catarinense de Joinville, mais para reservada, não quis falar sobre a parte sexual da turnê – mas é evidente, pela cara de contentamento do casal, que esse lado foi tão ou mais prazeroso que os outros da viagem.
Por que escolheram fazer a viagem pela América do Sul, ainda tão pouco valorizada pelos brasileiros?
“A maioria das vezes, quando se pensa em fazer uma viagem longa, é a Europa e os EUA que vêm à cabeça da gente, brasileiros. Eu e o Max só conhecíamos o Uruguai e a Argentina, foi uma maneira de explorarmos um mundo desconhecido e, ao mesmo tempo, próximo, além de gostarmos muito da cultura “hermana”. Começamos a viagem falando portunhol e terminamos sabendo uma nova língua. Não sem passarmos por algumas situações engraçadas, claro: tínhamos que abastecer o gerador do motorhome e, num posto, a gente não sabia como chamar o galão de gasolina. Inventamos a palavra galón e, depois de muita mímica com o funcionário, aprendemos que, em espanhol, se chama bidón. Essa palavra não esquecemos mais durante a viagem!”.
Quem cuidou mais da parte logística? O que foi mais complicado programar?
“Eu fiz a pré-produção, já ia ligando para os entrevistados antes de chegar nos lugares, comprava passagens se essas pessoas tinham que se deslocar de uma cidade para outra, o Max ia fazendo a pré-edição dos capítulos. A parte da comida a gente comprava nos mercados, era o que as pessoas comiam nos locais, nós comemos de tudo, então não foi complicado. No Peru, comemos muita quinoa, milho negro. No livro, colocamos como bônus várias receitas das Américas que uma amiga nossa, chef, ajudou a passar para os leitores”.
Vocês cruzaram com muita gente em carros adaptados, mochileiros e até ciclistas. Conseguiram descobrir o que leva a maioria a embarcar numa aventura desse tipo?
“Acho que é a vontade de explorar o novo, ter novas referências, eu e o Max achamos que o dinheiro que se usa numa experiência dessa é o melhor investimento. É tanta coisa que se aprende da vida, de nós mesmos…Vimos muitos ciclistas, até andarilhos. Quando estamos na cidade não temos ideia de quantas pessoas estão nas estradas. Encontramos uma família de alemães em Cuzco, num trailer, a mãe estava ensinando as crianças a ler. O incrível é que o destino final deles seria a cidade de Bombinhas, em Santa Catarina, onde iam morar. Era sempre bom encontramos brasileiros, mas a grande maioria de viajantes era de europeus”.
É verdade que os dois fizeram o trabalho de toda uma equipe para gravar o programa? Quem teve mais facilidade de aprender a lidar com o drone?
“Se formos pensar numa equipe normalmente envolvida numa gravação – cinegrafista, diretor, figurinista, maquiador, continuísta etc – fizemos o trabalho de umas oito pessoas, porque não tínhamos condição de levar tanta gente conosco. As imagens aéreas conseguidas com um drone são incríveis, o visual que se ganha é maravilhoso, mas é um equipamento difícil de aprender a operar, o Max fez um treinamento intenso num jardim; eu fiz um take ou outro, morrendo de medo de deixar o drone cair… (rs)”.
Qual foi o pior perrengue que passaram na viagem?
“Foi quando fomos parados na fronteira do Peru com o Equador, por causa de uma suposta multa de US$ 100 mil que o nosso motorhome tinha. O antigo dono do motorhome tinha feito uma viagem do Ushuaia ao Alaska e, quando passou pelo Equador, não deu baixa na saída – é como se o carro tivesse ficado por lá, ilegal, por 90 dias. Tivemos que conversar com os advogados da aduana, redigir um ofício em espanhol, um sufoco que durou cinco dias. E meus pais estavam chegando ao Equador para a gente comemorar o aniversário dele. No final, deu tudo certo”.
E o maior prazer?
“Toda vez que a gente terminava um episódio completo do programa, a gente fazia questão de sair para jantar num lugar bacana, tomar um vinho, foram vários os momentos bem gostosos de prazer, sem o estresse do trabalho. Para mim, foi também incrível conhecer o Glaciar Perito Moreno. Para o Max, o top 1 dele foi o Deserto do Atacama. O vulcão Villarica, em Pucón, no Chile, que levamos cinco horas para escalar, foi outro desafio”.
Aconteceu algum episódio em que sentiram medo de violência?
“Nós cuidados muito da segurança, até porque levamos muito equipamento conosco. Sempre que paramos em algum posto, mesmo que fosse para ir na loja de conveniência, trancávamos tudo. Um golpe mais comum é quando o casal vai trocar o pneu do motorhome, os dois ficam do lado de fora, na parte de trás, e o bandido entra e rouba, por exemplo. Também ouvimos relatos de assaltos dentro do próprio camping. É o caso da pessoa estar no lugar errado, na hora errada, mas conosco nada aconteceu”.
De que conforto urbano vocês mais sentiram falta na estrada?
“Vou dizer que várias vezes senti falta de tomar banho no meu chuveiro…(rs). Outra coisa de que senti falta foi das referências conhecidas, nós dois sempre estávamos chegando num lugar novo. Tive saudades de comprar pão na padaria aqui perto de casa e é, claro, da minha família, dos meus pais”.
Chegaram a temer pela relação nesses seis meses de convivência forçada?
“A gente já costumava trabalhar junto, então, nem pensamos nisso. Tínhamos uma rotina de muito trabalho, um cronograma apertado para fazer as gravações, então, nosso foco era o programa, não tínhamos tempo para picuinhas. No final, passamos por tantas situações diferentes juntos que fortalecemos a relação”.
numero: 10 Pretendem investir num novo projeto parecido com esse? E o lado ator de vocês?
“Agora mesmo estou fazendo um workshop como atriz, não posso dizer quando vou voltar a fazer uma novela, mas é uma coisa de que gosto muito. O Max podemos dizer que ele se encontrou mais como diretor, está direcionando a carreira para esse lado. Estamos desenvolvendo um novo projeto de programa, mas, por enquanto, não tem muita coisa concreta. Se tudo correr bem, nossa próxima aventura vai ser no mar, fora do Brasil”.