Feminicídio. Parece que ouvimos pela primeira vez, apesar de ter se tornado palavra diário em corrente nos jornais, no Face, em qualquer lugar em que se tenha notícia. O mau trato contra a mulher no Brasil é uma constante. Corrói a família, o trabalho. E assassina o amor. O monólogo O Açougueiro do ator pernambucano Alexandre Guimarães, na Laura Alvim, é um retrato fiel do que se transforma um afeto doentio
Alexandre Guimarães , dirigido por Samuel Santos, também autor, encarna o conjunto de personagens que dão vida a história de Antonio e sua mulher Nicinha. Além disso, Alexandre ainda inclui os fortes cantos da cultura popular do Nordeste que servem para mais do que ambientar a história com cor local. Mostram de moda essa cultura molda todo tipo de relação.
“Conheci um matadouro público, um matadouro informal. Foi fundamental para mim sentir cheiros, ouvir sons. Percebi uma coisa: mesmo o homem que mata o boi é extremamente respeitoso com o animal que vai abater. O espetáculo também fala disso. Antônio é abandonado por todos na cidade, menos pelo boi “, diz Alexandre.
Essa busca de um Teatro Físico e Antropológico, o espetáculo acaba por construir um manifesto de forma muito poética. O cenário e o figurino são imagens distorcidas de sangue seco, pisado. Algo que parece que já aconteceu, mas está ali à frente de nossos olhos. A matança mais cruel não é a física, é o assassinato da alma do qual o sangue não para de jorrar.
Serviço:
Teatro Laura Alvim – Espaço Rogerio Cardoso
Sextas e sábados às 20:00 horas
Domingos às 19:00