Quando resolveu escrever um livro sobre a queda, em 2013, do balão na Capadócia que transportava vários brasileiros, não foi só para fazer uma catarse da tragédia que a psicóloga Claudia Ildefonso levou adiante a ideia. Mesmo tendo sua mãe, Maísa Moreira Ildefonso Lima, sobrevivido, Claudia se diz indignada até hoje – nenhuma das famílias brasileiras recebeu qualquer tipo de indenização vinda da Turquia.
A autora também se sentiu muito solitária nos quase 30 dias que ficou em território turco acompanhando sua mãe no hospital, com quase nenhuma assistência do consulado brasileiro. “Eles só apareceram depois que comecei a mobilizar a imprensa. Estamos com advogado na Turquia, mas o processo está parado, a corrupção também é grande por lá”, conta Claudia, que considera mafiosa a concentração da operação dos voos de balão na Capadócia por apenas duas empresas.
Em “O Balão Caiu – vida e morte na Capadócia” (Giostri Editora), a psicóloga aborda, além das questões diplomáticas e burocráticas, a dificuldade de comunicação num país distante, a crise de pânico que teve, fé e o luto pela morte das três senhoras que eram amigas de mais de 30 anos de sua mãe, a quem Claudia via como pessoas da família. “Minha mãe é uma pessoa fantástica, está andando normalmente, mas se tornou uma escrava da fisioterapia, como os outros sobreviventes”, finaliza.