Enquanto percorria as terras de Espanha a pé, houve um momento em que tive a sensação de estar embriagada de tanta felicidade; aliado a isso, pareceu-me estranho o bem-estar corporal que nunca havia sentido em grau tão alto, nas circunstâncias adversas em que me encontrava. Sentia-me também extremamente perceptiva, com imensa facilidade intelectual, os sentidos mais apurados. Comecei a questionar a razão dessa modificação tão flagrante, chegando ao denominador comum ao conversar com outros peregrinos que se sentiam da mesma maneira.
Não era uma experiência mística ou um milagre do Caminho, como muitos pareciam pensar: estávamos todos superendorfinados! A endorfina começa a ser segregada após uns 20 minutos de caminhada acelerada; podemos perceber quando ultrapassamos a barreira do cansaço inicial, quando um imenso bem-estar nos invade e dá a impressão (real) de que poderíamos andar horas e horas sem nos cansar.
É comum ouvir depoimentos de adeptos de ginástica e “malhação” sobre o bem-estar produzido pela aula e a falta que sentem quando não a fazem. Alguns chegam a se confessar “viciados”… É verdade. Endorfina vicia, sim, mas positivamente!