Quem imaginaria ver a ex-primeira-dama Adriana Ancelmo presa? Fica, no mínimo, uma perturbação no espírito da maioria dos cariocas. A dimensão dos últimos acontecimentos nunca passou pela cabeça nem da mais maldosa das criaturas. Dezenove dias depois de o marido, Sérgio Cabral, ter sido preso pela Lava Jato, na Operação Calicute, a Justiça Federal do Rio aceitou denúncia do Ministério Público Federal (MPF) por corrupção, lavagem de dinheiro e organização criminosa, nesta terça-feira (06/12), não só contra o ex-governador mas também contra Adriana – ambos passam a ser réus. Pegamos depoimentos de alguns personagens que conviveram com Adriana de maneira mais ou menos intensa. Seus maiores amigos não querem falar – de jeito nenhum. E como disse um deles: “Deus me livre de falar nada, ninguém sabe o dia de amanhã. Me deixa fora dessa”. Que tal? Veja o que disseram a empresária Patricia Mayer (sócia da Casa Cor), a médica Rosa Célia (diretora do Pró-Criança Cardíaca) e Jairo de Sender (arquiteto) – todos eles profissionais reconhecidos no Rio.
Patricia Mayer: “Fiquei muito surpresa porque a Adriana sempre foi um amorzinho, tão simpática! Tivemos uma convivência profissional: ela costumava visitar a Casa Cor, tanto o ambiente da Ana Lucia Jucá (sua arquiteta) quanto os outros. A Adriana era muito na dela. A gente sempre ouve falar, mas eu não sabia a dimensão dos acontecimentos. Estou horrorizada.”
Dra. Rosa Célia: “O lado que eu conheço da Adriana é correto e generoso. Sempre que precisei, ela estava ali, sempre foi muito boa comigo, com o Projeto Pró-criança. Esse lado errado não conheço, nunca percebi nada disso. Tenho andado triste e sofrido muito. Não quero dizer que quem erra não mereça ser punido. Se ela usa joia cara, não é problema meu. Vários que estão presos já me ajudaram. Nunca percebi esse lado negativo na Adriana. Antes de provarem, prendem e ridicularizam?”
Jairo de Sender: “Pela primeira vez, tomo conhecimento de que a Justiça está sendo feita e penso: nem tudo está perdido! Sérgio Moro faz com que a gente deixe de ser incrédulo – a impunidade não pode prevalecer. Me revolta principalmente a falta de hospitais, e nosso dinheiro sempre em prol de benefícios como os que ficamos sabendo do Sérgio Cabral e da Adriana Ancelmo. Estou tendo a surpresa de saber como eram os bastidores. Resumindo: é dolorido ver o Rio como está e sem saber onde vai parar. Que deem razão a quem tiver. Acho que é o início de uma nova era”.