O jornalista carioca Guilherme Fiuza acaba de lançar o livro “O império do oprimido”, o seu primeiro no gênero ficção. Ali, conta a história da jovem Luana Maxwell, que rompe com sua família de classe alta no dia da eleição do primeiro presidente com programa de governo popular no país. Ela abre mão da herança para trabalhar ao lado do advogado Beto Leal, criador de uma ONG que acaba de fechar contrato com o novo governo. O que acontece a partir daí é bem familiar para o leitor que acompanha a política nacional nos últimos anos – a personagem se assombra com um balé de verbas, votos e poder. Antes mesmo de ser publicado, o livro já teve os direitos vendidos para o cinema e tevê.
Fiuza, que tem uma coluna sobre política na revista “Época” e escreve para o jornal “O Globo”, já publicou outros livros, como “Meu nome não é Johnny”, que foi adaptado para o cinema e deu ao escritor o Grande Prêmio do Cinema Brasileiro na categoria Melhor Roteiro Adaptado. Também lançou “Bussunda – a vida do Cassetea”; “Giane – vida, arte e luta”; “3.000 dias no bunker”; “Amazônia, 20º andar” e “Não é a mamãe – para entender a era Dilma”. Foi, também, co-autor da minissérie da Globo “O Brado Retumbante”. Bastante contundente nos seus textos políticos, Guilherme reserva seu lado mais gentil e doce para os livros.
Por que você resolveu entrar na ficção?
“Todos os meus livros sempre foram um pouco romance. Quando eu fazia as biografias, aquilo era romance-verdade, assim classificado pelo escritor imortal Antonio Torres. Sempre procuro as novelas da vida das pessoas. Há algum tempo, o Domingos de Oliveira tinha previsto que eu passaria pra ficção, e passei. Pra nós, jornalistas, o apelo da vida real é muito grande. Tudo começou quando a Editora Planeta me sugeriu escrever sobre a vida de um determinado politico, eu disse que não gostaria e o assunto evoluiu para um romance. É um tom completamente diferente das minhas colunas, que são mais ácidas e irritadas, e uma observação da realidade imediata. E repercutem por que falam o que muita gente está sentindo; já a prosa é muito mais doce”.
O Brasil está muito difícil ou algo esta mudando ?
“Existia um projeto do PT agarrado nas tetas, que ia mamar até o osso. Interromper isso foi positivo pra todo brasileiro de boa fé. Michel Temer é antiquado, é do PMDB, mas, na hora que assumiu, escolheu os melhores para sua equipe. Poderia ter colocado os capangas do Renan, por exemplo. No Brasil estamos passando por um detox. Uma mudança perceptível vai demorar, porque a ruína herdada do PT é institucional, real, gigantesca, fisiológica. Dilma arruinou o país”.
O fato de vc ser um anti-petista ferrenho já atrapalhou sua vida profissional?
“Não sou um anti-petista, sou um colunista preocupado com a impostura, venha de onde vier. Isso me interessa. A política é pra organizar, como sempre fez um Fernando Gabeira, por exemplo. Não tenho ideologia, sou pela liberdade. Se não tem liberdade, floresce o obscurantismo”.
Você já teve “Meu nome não é Johnny”adaptado para o cinema com muito sucesso. “O império do oprimido” segue por esse caminho?
“Eu vendi os direitos pra cinema e TV mesmo antes de o livro sair. Fiz acordo de confidencialidade para lerem antes da publicação. Muita gente vai identificar vários personagens da nossa política recente. Mas, sobretudo, é um livro com muito humor. O que eu gosto mais na vida é de contar histórias, que me chamam atenção”.
Cinco meses escrevendo um livro de mais de 300 páginas não é pouco tempo?
“Tenho inveja daqueles que jorram quando escrevem. Eu fico ruminando, por causa disso tenho um certo sofrimento. Viro muita noite, me sacrifico demais. Acho que com a literatura, se parar, demora pra engrenar. Já cochilei muito em cima do teclado”.
Que intenção principal você tem quando escreve?
“Minha principal intenção é entreter as pessoas. Quando me perguntam se quero deixar alguma lição, digo que é nenhuma. Nesse caso, o mais importante foi conseguir contar uma história gostosa. Já recebi retorno de gente que leu o livro numa noite ou num fim de semana”.
A quantas anda seu relacionamento com as mulheres?
“Neste momento, estou casado com a protagonista do meu romance”.