Arlindo Cruz está feliz da vida por ter sido escolhido para receber o Troféu Raça Negra, dia 21, na Sala São Paulo, numa noite em que a grande homenageada vai ser a cantora Elza Soares. “A Elza é a nossa grande batalhadora contra todos os preconceitos – é negra, mulher e cantora – uma guerreira que foi atacada também por ter sido a segunda mulher de um cara famoso. Imagine isso há 40, 50 anos atrás”, diz o sambista, acrescentando que o preconceito racial não acabou. “A luta continua, o negro é discriminado no mundo inteiro. Eu ainda sou mais discriminado, por ser do candomblé e assumir minha posição” explica o compositor, que participa da campanha “Filhos do Brasil”, uma ação da Fundação Cultural Palmares e do Ministério da Cultura contra a intolerância religiosa.
“Nunca sofri preconceito abertamente, mas já vi muita coisa, muita má vontade em ser servido nas lojas, bares, restaurantes. É o sujeito que te dá bom dia com raiva, que fala porque a gente cumprimenta”, acrescenta. “O negro e o mestiço precisam se conscientizar e se unir para fazer do Brasil um país melhor”, conclui.
Na noite da festa, que existe desde 2000, criada pela Faculdade Zumbi dos Palmares e a ONG Afrobras, o repertório de Elza Soares vai ser cantado por Chico César, BNegão e Liniker, entre outros artistas. Arlindo escolheu o samba “Isso não são horas”, de Roberto Ribeiro, que foi sucesso na carreira da cantora.