A favela sempre foi e, mais grave ainda, é vista como uma aglomeração de marginalidades: pessoas, hábitos, jeitos. Mas eis que senão quando, nos tempos sem UPP, em que o medo reinava sobre a esperança, foi inventado o Nós do Morro, o grupo do teatro do Vidigal. Com direção de Guti Fraga, o grupo reúne jovens para que, em forma de criação coletiva, possam encenar seus próprios dramas, ou aqueles, como a Megera Domada, com que se identificam.
Para comemorar tantos acertos, o grupo está com ocupação no Sesc Copacabana. Duas peças – Abalou , um musical Funk e Bataclã – , batalha de poesias, exposição de fotos e mostra de curtas. Abalou, um musical Funk é a remontagem do espetáculo de estreia que, passados 30 anos, ainda é atualíssima ao tratar dos amores de jovens, conflitos religiosos, o preconceito do asfalto e o significado do funk como um gênero de expressão de vozes abafadas.
O Grupo Nós do Morro já montou 29 espetáculos profissionais e mais de 100 espetáculos experimentais. Recebeu inúmeros prêmios, dentre eles: IX Prêmio Shell de Teatro (1996); Prêmio Coca-Cola de Teatro Jovem (1997); e Prêmio Shell de Direção Musical com o espetáculo “Noites do Vidigal” (2002). Revelou talentos e, mais do que isso, mostrou que, em Artes, não existe um lugar mais rico nem mais pobre.
Nós do Morro reforça que o trabalho continuado, bem orientado, só faz com que o teatro se desenvolva – isso desde a Grécia, Shakespeare. O Nós do Morro vai além. Suas ações, atores, peças desceram as ladeiras, invadiram as tevês, os palcos, as arenas, as telas, provando que, como já dizia Hélio Oiticica, “Seja Marginal, Seja herói”.
Serviço
Bataclã:
Sexta e sábado, às 20h30. Domingo, às 19h.
*Domingo, dia 23, duas sessões: 16h e 19h.
*Sábado, dia 29, duas sessões: 18h e 20h30
Abalou, um Musical Funk:
Quartas e quintas, às 20h30
Batalha de Poesia:
Terças, às 18h30
Exposição Nós do Morro 30 Anos:
Terça a domingo, das 14h às 19h.