Depois de seis anos morando nos EUA, em Los Angeles, a atriz paulista Rita Guedes voltou a viver no Rio, mais amadurecida pessoal e profissionalmente. Nesse período, em que teve uma rotina bem caseira em Los Angeles, não perdeu o contato com o Brasil, para onde voltou várias vezes para fazer trabalhos em novelas como “Avenida Brasil” e “Flor do Caribe”.
Agora, ao seu currículo de atriz de TV, cinema e teatro, ela soma o comando da própria produtora, a Guedes Filmes. Rita está entusiasmadíssima com o primeiro longa de sua produção, “Mar Inquieto”, uma mistura de suspense, drama e aventura que, nos EUA ficou com o nome de “Restless Sea”. Dirigido por Fernando Mantelli, tem no elenco, além de Rita, Eri Johnson, Miguel Lunardi e Áurea Batista. O filme, ainda sem distribuição definida por aqui, foi selecionado para a sessão especial do Los Angeles Brazilian Film Festival e estreou em Hollywood, no cinema Ivar Theatre. Saiba um pouco aqui dessa nova Rita Guedes, produtora de cinema.
Qual foi seu objetivo quando decidiu morar em Los Angeles?
“Eu, na verdade, nunca me mudei em definitivo para Los Angeles. A princípio, resolvi vir para cá em 2007, para passar uma temporada longa de cinco anos, mas acabei voltando logo depois, pois estava contrata pela Globo e o Carlos Manga me ligou para fazer uma novela inteira. Porém, quando terminou essa novela, eu voltei para Los Angeles e fiquei nesse tempo fazendo trabalhos menores na TV, que não exigiam que eu ficasse muito tempo no Brasil. Eu vim para os EUA para estudar inglês, fazer cursos com os ‘coaches’ conhecidos nos grandes estúdios e porque queria muito ficar fora dos holofotes um tempo. Assim que terminou a novela ‘Alma Gêmea’, eu já aluguei um apartamento aqui e comprei duas temporadas de cursos, um deles na UCLA. Estava querendo dar um tempo … queria estudar, viver em outro país e conhecer uma cultura diferente da minha”.
Quais são as dificuldades de um ator brasileiro nos Estados Unidos e o que você trouxe de bom dessa temporada?
“Acredito que o mercado americano está abrindo espaço maior, agora, para os atores latinos, e isso é um grande avanço, onde todo mundo ganha. Mas ainda há uma barreira, que é o sotaque, e isso limita muitas vezes numa escalação, o que eu acho uma grande bobagem.
Eu cumpri minha tarefa quando vim para cá (rs). Fiz todos os cursos que quis, aprendi muito, e isso foi o que mais valeu de minha vinda para LA. Investi muito no meu aprendizado e agora estou colocando em prática todo esse estudo e dedicação de anos. Montei minha produtora de cinema, a Guedes Filmes, por onde coproduzi o longa metragem ‘Mar Inquieto’, que estreou em Los Angeles no Festival de Cinema Brasileiro, e esperamos levar o filme para as telas brasileiras”.
A ideia de vir a se tornar uma produtora surgiu nesse período em que estava fora? O filme “Mar Inquieto” tem dinheiro americano?
“Eu já havia produzido a peça de teatro ‘Gato Vira-Lata’, que foi um sucesso e ficamos quatro anos em cartaz, mas essa foi a primeira vez produzindo um filme, que é bem mais trabalhoso e demorado, quando não se tem um grande estúdio por trás. Esse filme foi produzido por mim e pelo Fernando Mantelli, que é o diretor do filme. Teve investimento de nós, sócios, mas a grande parte veio de um investidor americano”.
O filme foi rodado no Sul do Brasil, mas a paisagem parece americana. Isso foi intencional?
“Sim, foi intencional. Nosso filme tem muito a cara de thriller americano e, talvez, isso seja um novo formato para o cinema brasileiro. Todos que assistiram dizem que parece filme americano falado em português. Esse filme pode abrir uma outra vertente para ser explorada no cinema brasileiro, como ‘Pulp Fiction’, do Tarantino, impactou o cinema americano. Claro que ‘Pulp Fiction’ foi um filme extremamente mais caro que o nosso, custou US$ 8 milhões e faturou US$ 213 milhões, com a Miramax por trás. ‘Mar Inquieto’ é um filme de baixo orçamento e não temos ainda distribuição. Mas a qualidade artística do meu filme não deixa a desejar de maneira alguma, as pessoas podem amar ou ficarem incomodadas, pois é um filme bem intenso, jamais irá passar despercebido. O filme é impactante, mexe com você”.
Foi um filme caro? Como foi pra levantar dinheiro?
“Foi um filme de US$ 500 mil, considerado de baixo orçamento, uma produção independente. Filmamos com câmera 4K e usamos tudo de mais moderno, investimos muito na parte técnica, filmamos em três cidades diferentes no Rio Grande do Sul (Porto Alegre, Torres e Mostradas). Foi um trabalho muito intenso e duro, não posso negar, muito suor e lágrimas (rs), mas o resultado final compensou todas as noites em claro e o trabalho árduo”.
Quanto tempo de dedicação ao longa?
“Foram quatro anos até a finalização total. O filme ficou pronto este ano, em 2016. Ganhamos o Festival Ventana Sur, em Buenos Aires, e com isso conseguimos parte do investimento para terminar a pós-produção”.
Logo que você voltou ao Rio, deu uma declaração que ainda estava se habituando de novo à cidade. Tem alguma coisa que ainda estranhe?
“A segurança e a impunidade. Andar pelas ruas em paz é algo que não se tem no Brasil. E também essas leis brasileiras, muitas precisam ser reformuladas e, acima de tudo, seguidas e respeitadas”.
numero: 8 Conta aí, Rita, das satisfações ou insatisfações; alegrias e tristezas do atual momento….
“Apesar de me causar muita tristeza e angústia a situação do Brasil e o que o nosso povo, nós, brasileiros, estamos passando, eu fiquei otimista depois que apareceu o juiz Sergio Moro e começou a sacudir o tapete e a colocar uma certa ordem na casa. Admiro muito a coragem desse juiz, e é disso que o Brasil precisa para se reerguer, temos que apoiá-lo nessa tarefa difícil….porque vira e mexe vem um para tentar acabar com as investigações e mudar o rumo da conversa. Nós temos que ser positivos apesar de nossas feridas, pois pensando assim e agindo corretamente, vamos ajudar o nosso país.
Nunca gostei de política, sou artista e minha praia é outra, mas esse período que o Brasil enfrenta, todos nós, gostando ou não de política, temos o dever de entender o que está se passando e como podemos ajudar nosso país, por isso eleição não pode ser votar no ‘artista’ conhecido ou naquele outro que é legal….Não! temos a responsabilidade de sabermos quem estamos ajudando a colocar no poder… porque a conta quem paga somos nós, né?!”