O Festival do Rio promoveu, nessa sexta-feira (14/10), no Centro Cultural Banco do Brasil, um debate sobre transfobia, que juntou a modelo Lea T, a novelista Glória Perez, o carnavalesco Milton Cunha e a ativista Dandara Vital, com mediação do jornalista Gilberto Scofield. Trata-se de uma causa urgente em um país campeão em ataques à comunidade LGBT, como o nosso. Lea T chegou bonita, desenvolta, corpão e muita sinceridade, para receber o Prêmio Suzy Capó – Personalidade Félix do Ano.
Ao ser perguntada pelo passaporte brasileiro, respondeu: “Eu ainda não tenho o meu documento feminino no Brasil. Quando chego ao aeroporto, tenho que apresentar o meu passaporte daqui, com o nome biológico (sem o nome social). Desta vez que vim para o Festival do Rio, por exemplo, fiquei 30 minutos esperando porque os agentes não sabiam como me liberar; curioso é que eu também estava com o passaporte italiano, que traz meu nome social. Quando comecei a trabalhar como modelo, eu já estava transicionando e pegava três, quatro voos internacionais por semana e chorava toda vez que tinha que embarcar com documento de homem. Hoje estou mais tranquila por causa da idade e das coisas que já vivi.”
O assunto prostituição também surgiu, e Lea disse: “Não tenho absolutamente nada contra quem se prostitui. Eu mesma quase me prostituí no início da minha transição porque não sabia se a minha família ia me aceitar e porque precisava de dinheiro. Não tenho problema com isso. Não cheguei a fazer, mas nunca vou julgar quem toma essa decisão. A mesma coisa é quem cai no mundo das drogas. Sabe lá Deus se é a única forma que essas pessoas encontram de relaxar por alguns momentos?”