Maria Bethânia apresentou, nessa quarta-feira (12/10), no Centro Cultural Universitário de Maputo, capital de Moçambique, na África, o espetáculo de poesia e música “Ensaio Poético”, com os escritores Mia Couto, moçambicano, e José Eduardo Agualusa, angolano. A baiana, que já tinha feito uma espécie de aquecimento no Rio, dia 26, num recital na Sala Cecília Meirelles com Mia Couto, levando uma multidão à Lapa, passeou pelos clássicos da literatura brasileira e pediu aos “deuses dos homens” que a deixassem ser tambor, tal como escreveu José Craveirinha, o maior poeta moçambicano, no poema “Quero ser tambor” (o poema acaba assim: “Oh velho Deus dos homens/eu quero ser tambor /e nem rio/e nem flor/e nem zagaia por enquanto/e nem mesmo poesia/Só tambor ecoando como a canção da força e da vida/Só tambor noite e dia/dia e noite só tambor /até à consumação da grande festa do batuque!/Oh velho Deus dos homens/deixa-me ser tambor/só tambor!”).
Bethânia ainda incluiu cartas no repertório e leu a letra de “Quereres”, de Caetano. No final, o público aplaudiu de pé, emocionado, um belo espetáculo da língua portuguesa.
A cantora também está gravando o documentário “Karingana” – que significa licença para contar histórias, a arte de declamar – com conversas com os poetas africanos da língua portuguesa. O filme vai ser exibido no canal “Curta!”, no ano que vem.