Existem incompatibilidades que não se conseguem resolver: Flamengo e Vasco, Mangueira e Beija-Flor, Argentina e Brasil… Porém, quando se fala de amor, achamos que tudo é rosa, lentes de aumento, borboletas no estômago. Vem a vida e nos diz que a oposição está ali, a discórdia e o desentendimento sambando na nossa cara. “A Reunificação das Duas Coreias”, de Joel Pommerat, mostra-nos várias situações possíveis de como, sob a ideia de unificação, estamos rodeados de desunião.
Com direção de João Fonseca, ágil, diferenciada – como exige um espetáculo formado por mais de 15 quadros -, vemos 47 personagens, nas mais diversas situações: velhice, juventude, casamento, namoro, sedução, viuvez, vida, morte, encontros, desencontros. O elenco, equilibradérrimo, formado por Louise Cardoso, Bianca Byington, Marcelo Valle, Verônica Vedon, Rainer Tenente e Gustavo Machado (que, de forma soberana, muda a voz, o corpo, para encarnar as múltiplas versões do masculino), nos faz ver que, no mesmo corpo, podem habitar diversas almas.
“Falar de amor em suas diversas possibilidades é urgente e necessário. Através da brilhante dramaturgia de Pommerat, fazemos um passeio pelas diversas formas em que o amor se manifesta”, declara a produtora Maria Siman.
O amor é visto e revisto, pisado e repisado — na novela, no Face, nos aplicativos. No Tinder, procura-se a alma gêmea. Quem sabe na próxima esquina? E na próxima encarnação? Será? Será que eu vi, encontrei, perdi, achei, tomei, larguei? “A Reunificação das Duas Coreias” mostra que dois países em oposição jamais se encontram, mesmo que unificados. No amor, a máxima também vale.
Serviço:
Oi Futuro Flamengo – Rua Dois de Dezembro, 63 – Flamengo
De quinta a domingo às 20h