Marcus Vinicius Freire, diretor executivo de esportes do Comitê Olímpico Brasileiro, tem dormido uma média de cinco horas por dia nesta época da Olimpíada. Como subchefe de missão, ele acompanha todas as competições e procura atender as necessidades das equipes brasileiras durante os Jogos. Isto é, vive correndo de uma arena olímpica para outra.
O fôlego para isso é de esportista: Marcus foi medalhista de prata no vôlei nos Jogos de Los Angeles, em 1984. Depois, foi chefe de missão do Brasil no Pan do Canadá, no Pan do Rio, nos Jogos de Pequim e em Londres. Com formação em economia e marketing, ele também ajudou a criar os conceitos da marca Time Brasil. Saiba aqui o balanço antecipado que Marcus faz do evento mundial, a cinco dias do seu final.
Ouvimos falar que a meta do Comitê Olímpico Brasileiro para esta Olimpíada, em termos de delegação brasileira, seria de 8 a 10 medalhas. Por que essa diminuição de objetivos, se em Londres conseguimos 17 e em Pequim 15?
“O Comitê Olímpico do Brasil (COB) trabalha pela transformação e manutenção do país em uma potência olímpica, e a participação nos Jogos Olímpicos Rio 2016 faz parte deste projeto. A meta do COB é deixar o Brasil entre os dez países mais bem colocados (Top 10) no quadro total de medalhas. Para isso, temos que ganhar aproximadamente 20 medalhas. Para alcançar a meta, o COB implementou um Plano Estratégico em 2009, quando o Brasil ganhou o direito de sediar os Jogos Olímpicos. Estamos no caminho certo.
Ao contrário de outros esportes praticados no país, a natação vem recebendo um grande aporte de dinheiro público. Como explicar os baixos resultados dos nossos nadadores?
“O COB investe, com recursos da Lei Agnelo/Piva, em todas as modalidades olímpicas. Um trabalho especial é realizado nas modalidades onde o Brasil tem mais tradição de conquistas de medalhas, assim como mais praticantes, como é o caso da natação.
Depois dos Jogos vamos nos reunir com a Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos para analisarmos os pontos positivos e negativos da participação dos nadadores. Não podemos esquecer que conquistamos medalha na Maratona Aquática, com Poliana Okimoto. Primeira medalha brasileira na modalidade, uma conquista muito importante, devido ao potencial de crescimento que a modalidade tem em nosso país”.
A questão da segurança chegou a assombrar suas noites pré-olímpicas?
“De forma alguma. Já fui a 12 edições de Jogos Olímpicos e sei que a questão de segurança é sempre primordial para a organização. Sempre confiei no trabalho do Comitê Organizador e de todos os níveis de Governo. O resultado está espetacular, com atletas e torcedores aproveitando os Jogos em total segurança”.
Que modalidade, na sua opinião, tem condições de surpreender e revelar campeões nos próximos anos?
“Só nesse início de Jogos já estamos surpreendendo com medalhas em provas inéditas, como solo na ginástica, salto com vara, canoagem, tiro esportivo, depois de quase 100 anos. E mais virão.
É bom frisar que pode ser surpresa para a população leiga. Mas não para nós, que estamos trabalhando junto a esses atletas e suas comissões técnicas há muito tempo”.
Você é autor de um livro sobre marketing olímpico. Acha que a imagem do Rio e do Brasil sai melhor depois dos Jogos?
“Não tenho a menor dúvida. O Rio está gerando imagens espetaculares para todo mundo e entregando uma edição fantástica de Jogos Olímpicos.
Desde a vitória da campanha, em Copenhagen, mudou, para sempre, a visibilidade do Brasil e do Rio. Lá também deixamos para trás o nosso complexo de vira-lata. A autoestima dos brasileiros, e principalmente dos cariocas, ganhava contornos épicos”.
O que, na sua visão, deu mais certo até agora, superou as expectativas?
“Tudo está funcionando muito bem. A realização dos Jogos Olímpicos é muito complexa. São 29 campeonatos mundiais, ao mesmo tempo, em uma mesma cidade. E o Comitê Organizador está entregando tudo o que prometeu. As arenas lotadas, o clima do Parque Olímpico, a felicidade de uma geração inteira de crianças aprendendo os valores do esporte são imagens que nunca mais esqueceremos”.
Do seu contato com os estrangeiros, dirigentes e mídia, quais vão ser as lembranças mais marcantes que vão levar dos Jogos no Rio?
“A alegria e receptividade do povo brasileiro, aliadas à alta capacidade de entregar uma edição fantástica de Jogos Olímpicos. Tenho certeza de que os Jogos serão um ponto de virada da imagem do Rio e do Brasil para o mundo todo”.