Carlos Tufvesson está de volta à moda. Depois de cinco anos no comando Coordenadoria da Diversidade Sexual do Rio, à frente dos direitos civis do público LGBT, o estilista, que nasceu praticamente num ateliê de costura (Carlos é filho de Glorinha Pires Rebelo, há três décadas referência na criação de vestidos de festa e de noiva no Rio), é o nome por trás da curadoria do Rio Moda Rio, evento que vai acontecer no Píer Mauá, de 15 a 18 de junho.
Além da seleção das 14 marcas que compõem a agenda de desfiles, Tufvesson está empenhado, junto aos organizadores do RMR, a levar a moda para além das passarelas. “A moda precisa ser encarada como atividade econômica. No Estado do Rio, é a segunda maior geradora de empregos, só que não é vista como tal pelo poder público. Precisamos de condições econômicas oferecidas a outros setores para oferecer mais emprego e, só assim, gerar mais arrecadação. Por isso, achei brilhante o formato e a plataforma de ações do Movimento Rio Moda Rio proposto pelo Luiz Calainho e pelo Duda Magalhães“, diz.
O que o fez voltar a trabalhar com moda?
“Nasci entre alfinetes e tecidos; a moda faz parte da minha genética. Já participei de diversas correntes da moda brasileira e fiquei estimulado com o conceito que rege o Rio Moda Rio. De fato, já era hora de criarmos uma nova geração de semanas de moda. Acho bárbaro que, por trás desse projeto, estejam dois profissionais da indústria do entretenimento entrando de cabeça no universo da moda e retomando a visão de espetáculo, perdida com o passar dos anos.”
Qual a diferença do Rio Moda Rio dos outros eventos do gênero que aconteceram cidade?
“Nunca existiu uma plataforma de moda no Brasil parecida com a proposta do Rio Moda Rio, algo mais além do que uma agenda de desfiles, e sim um movimento de ações. Fiz parte das primeiras semanas de moda no Brasil. E, infelizmente, vi os eventos deixarem de surpreender o público, a ponto de a pessoa que era convidada a ir ao desfile saber até onde ia sentar. No Rio Moda Rio, queremos trazer de volta o sensorial, transformar as apresentações em experiências mais emocionantes. Isso não seria possível sem uma produtora incrível por trás do evento, como a Dream Factory, responsável pela produção do Rock in Rio”.
O que o público carioca pode esperar do RMR?
“É uma semana de desfiles pensada para quem ama e respeita a moda. Além disso, o público pode ter a certeza de que não vai voltar para casa depois dos desfiles. A cada dia, teremos um show de música porque moda é celebração, e precisamos desse clima, principalmente num momento tão estranho como esse que estamos passando. O conteúdo do evento foi feito para atingir o consumidor final e contará com pop up stores, gastronomia, exposições e palestras”.
A moda saiu de moda?
“Sempre olhei com distanciamento essa injustiça, inclusive já ouvi de estilistas conceituados que a moda estaria fora de moda. Se isso fosse verdade, não teríamos a febre das blogueiras de moda. Logo, talvez o formato de comunicação de moda tenha ficado obsoleto. Mas isso não significa que não tenhamos de ter outros. O Rio Moda Rio é a próxima evolução, um passo para um novo estágio. Vai ser a primeira semana de moda a trabalhar com a apresentação dos desfiles na época do consumo. Faremos um evento inclusivo, onde o consumidor será o foco. As pessoas que gostam de moda vão voltar a ter atenção sobre o mercado. Não tenho dúvidas do bem que isso vai fazer para a moda brasileira”.