Filho de Pepeu Gomes, um dos maiores guitarristas do país, e de Baby do Brasil, conhecida cantora, Pedro Baby é o único dos seis filhos do casal que segue com continuidade a carreira musical – e é elogiado por toda a classe. O irmão das meninas Sarah Sheeva, Zabelê e Nana Shara e dos meninos Krishna Baby e Kriptus Baby foi o responsável, ano passado, pela reaproximação musical e até afetiva de seus pais num dos shows mais elogiados do Rock in Rio. Pepeu e Baby fizeram parte dos Novos Baianos na década de 70, uma das mais autênticas bandas nacionais, que vivia em comunidade num sítio em Jacarepaguá, no melhor estilo hippie, em plena ditadura.
Nascido no ano em que os Novos Baianos acabaram, Pedro não tem lembranças do grupo, mas soube valorizar o legado musical dos pais: quando, agora em maio, os Novos Baianos voltaram a se reunir em sua formação original, Pedro estava lá, no Teatro Castro Alves, em Salvador, como produtor do encontro.
Finalizando seu primeiro álbum autoral, o músico de 38 anos também está envolvido com os Sebosos Postizos, projeto de alguns integrantes da Nação Zumbi que se dedica a tocar apenas o repertório de Jorge Ben Jor das décadas de 60 e 70. Ele também tem tocado com Roberto Lee e feito shows com Marisa Monte – “uma grande amiga e parceira”. E mesmo após o término da turnê “Baby Sucessos”, projeto que durou três anos, ele e Baby continuam fazendo espetáculos juntos, num formato mais acústico e minimalista. Pedro é do tipo que parece sempre ser, digamos, o mais ajuizado do grupo. Discreto ao extremo, é casado, mas preferiu não revelar o nome da mulher, para não expor sua vida pessoal. Oi? Isso mesmo! Leia sua entrevista:
Pouco se sabe de sua vida pessoal. Até que idade você viveu com sua mãe? Foi seu padrasto, Nando Chagas, quem realmente o iniciou na guitarra?
“Vivi na casa da minha mãe com meus irmãos até os 17 anos, quando decidi ir para os Estados Unidos. A primeira pessoa a me ensinar alguma coisa no violão foi o Moraes Moreira, ao 14 anos. A partir daí meu padrasto na época, o Nando Chagas, foi quem me alimentou musicalmente em casa.
Tem alguma lembrança da vida em grupo dos Novos Baianos, todos morando numa só casa? Esse estilo de vida é uma coisa que gostaria de ter experimentado, se fosse adulto nessa época?
“Não tenho lembranças da vida em grupo dos Novos Baianos por ter nascido em 1978, exatamente no último ano do grupo. O estilo de vida dos meus pais não mudou muito, pois éramos muitos filhos e isso fazia com que fosse uma convivência de muitas pessoas ao redor.
Por que seus pais brigaram tão seriamente? Foi muito difícil reuni-los para tocarem no Rock in Rio, ano passado?
“Não houve nenhuma briga séria. Apenas os caminhos da vida se bifurcaram profissionalmente e isso gerou uma distância natural que durou alguns anos. Não foi difícil, mas também não foi fácil o processo de reuni-los novamente, foi necessário provar a eles que estava na hora de mostrar que a obra musical está viva e em forma para a nova geração.
Da fase religiosa da sua mãe com o guru Thomas Green Morton você guarda alguma lembrança curiosa? Você é religioso?
“Lembro de muitas viagens e de momentos de diversão em família. Acredito em Deus e em fazer o bem para que ele volte. Não sigo nenhuma doutrina religiosa”.
Sexo, drogas e rock and roll – essa combinação ainda está valendo? Você usa aplicativos para conhecer garotas?
“Amor, exercícios físicos e rock and roll, essa é a minha filosofia. Não uso aplicativos desse gênero, sou casado”.
Por que resolveu ir para Nova York e tocar em bares na adolescência? Passou por alguma experiência incrível?
“Para encontrar o meu próprio caminho na música e amadurecer como ser humano. Apenas nos primeiros meses fiz trabalhos não relacionados à musica para sobreviver, mas com muita perseverança eu consegui me manter apenas de música, durante 90% do meu período lá.
Houve uma história curiosa que foi quando eu e um grupo de amigos, que tocávamos numa banda brasileira, fomos contratados para tocar na casa de praia da cantora Aretha Franklin, numa festa particular para ela e apenas alguns des seus familiares. Ficamos todos emocionados de estar ali, frente a frente com umas das maiores cantoras de jazz do mundo.
Além de Pepeu Gomes, quem são seus ídolos na guitarra? Como você se vê como músico? Curte que tipo de som?
“Além do Pepeu, existem muitos guitarristas que admiro e seria uma lista interminável, por isso vou citar apenas alguns brasileiros: Davi Moraes, Lúcio Maia, Beto Lee, Jr. Tostoi, Junix, Toninho Horta, Nando Chagas, Ricardo Silveira, Frejat, Hélio Delmiro, Sergio Dias, Edgar Scandurra, Frank Solari e Carlos Martau,entre muitos outros. Me vejo como um musico que gosta de bater bola musicalmente e curto quase todos os tipos de som.
Na turnê da Gal Costa, “Recanto ao vivo”, sua presença parecia ir além do papel musical, um verdadeiro cavalheiro com a cantora. De onde você tira tanta maturidade emocional?
“A honra e o privilégio de acompanhar uma cantora do calibre e com a históra da Gal Costa me emocionavam a cada show. Meu amor dentro daquele trabalho era incondicional por conta disso”.