Estar às cegas, perdido. Briga de foice no escuro, feito cego em tiroteio. As expressões são corriqueiras, cotidianas. Mas, afinal, como é ser cego? Como se encantar com um olhar? Como ver o desejo crescer olhando um corpo? É esse mistério que “Volúpia da Cegueira”, com direção de Alexandre Lino e texto de Daniel Porto, quer nos fazer enxergar.
Como forma de construir um “Teatro Documentário”, a opção foi um elenco de cegos – Moira Braga, Aléssio Abdon, Felipe Rodrigues e Max Oliveira, que vão apresentando pequenos quadros, todos se referindo à vida sexual dos cegos, desde a adolescência até a velhice. E para compartilhar a experiência, o público recebe vendas para os olhos, como opção.
“Estudos mostram que, para a maioria das pessoas, os cegos são seres praticamente assexuados. Eu nunca tive essa impressão, pelo contrário. Meu tio ficou cego aos 18 anos, no auge de sua descoberta sexual, e continuou sendo muito ativo mesmo depois de desenvolver a cegueira”, conta Lino.
Os corpos se entusiasmam, as mãos transformam-se em guias e em verdadeiras lentes de aumento nas diversas situações. O menino que quer ver os pais nus e, por isso, tateia os corpos dos dois, é o guia de nossa compreensão. Desejo não tem limite nem censura. Desejo é um ter sem medo. Desejo é viver. Desejo é ver.
Serviço:
Teatro Municipal Maria Claro Machado
Quinta a Domingo, às 20h