O caso do endocrinologista Fabiano Serfaty, agredido a socos por Lucas Silveira da Costa e depois esfaqueado pela namorada dele, Bianca Nery Fares, na sexta-feira (01/04), no Leblon, deixou os cariocas surpresos – coisa rara para quem já está acostumado aos fatos insólitos da noite no Rio. A moça, que é atriz, e já está presa com o namorado, na 14ª DP, diz que foi abordada de forma grosseira pelo médico, que é filho do clínico e endocrinologista Alberto Serfarty, dono de clínicas no Leblon e na Barra. Fabiano, que ficou internado no Samaritano, deixou o hospital neste domingo (03/04). Conversamos com o pai dele, que nos contou a sua versão da história.
Seu filho, Fabiano, realmente tomou a iniciativa de abordar a Bianca, como ela está contando? Ele falou como tudo começou?
“Falou sim. Quando ele viu uma moça chorando, foi saber o que houve e perguntou: “O que aconteceu?” Faria isso com qualquer pessoa. O Fabiano é um cara muito altruísta, faz trabalho filantrópico, é um cara bom. De repente, veio uma pessoa e outra, os caras correram atrás dele. Meu filho levou soco e facadas, de um lado e de outro do corpo. Quando soubemos, saímos correndo pro Samaritano; foi um pronto atendimento. Já conversei com ele hoje, é uma pessoa muito forte. Se fossem 2cm a mais, ele teria morrido. O filme que passou na televisão mostra mais.”
Essa violência é devido a quê, na sua opinião?
“As pessoas estão más, cruéis, secas, frias. Isso é geral, universal, mas, especialmente no Brasil, as coisas estão piores. A impunidade fomenta esse tipo de atitude.”
O Fabiano gosta de sair muito à noite? Ele já havia tido antes uma experiência tão próxima com a violência da cidade?
“Sai muito, tem um certo prestígio, gosta de sair à noite. É um homem bonito, mas não tem personalidade de assediar. O final vai ser feliz. Quero que sirva de exemplo. ”
“O Fabiano pratica algum esporte? Como é o temperamento dele?”
“Ele é atleta, faz musculação, corre 10km por dia. Tem o outro lado: é espiritualizado, só faz o bem.”
Como ele está depois que acaba de deixar o hospital?
“Foi pra casa hoje, com muita dor. Vai parar um tempo a vida profissional, mas o pior já passou.”
Qual atitude vocês vão tomar?
” Talvez nos juntarmos a algumas pessoas que sofreram violência. Na verdade, eu mesmo já sofri: levei um tiro no rosto numa tentativa de assalto, há 12 anos, na Aristides Espínola (Leblon). Mas tudo piorou, a decadência moral da sociedade é evidente. O povo não tem cultura porque é pobre, é pobre porque não tem cultura.”
Como o sr. explicaria esse incidente?
“Meu filho estava no lugar errado, na hora errada. Tiro daí alguma lições. Por exemplo: o bem vai vencer o mal em algum momento – as instituições públicas funcionam. As pessoas são covardes. Cada vez mais, ao saberem que serão punidas, vão ter mais limites. A sociedade civil precisa se manifestar – hoje, foi com minha família; amanhã, pode ser com a sua. Seja solidário. Muitos viram a cena, e ninguém fez nada – as pessoas estão medrosas. Vivemos na sociedade do medo. ”