“O sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Tão fortes que são os nordestinos que movem a vida cotidiana deste país: operários, porteiros, cozinheiros, músicos, artistas, cozinheiras, vendedoras, manicures, médicos, professoras, pensadores. Estão em toda a parte, em um contínuo movimento de diáspora. Com seu sotaque, seus hábitos, seu maneirismo. É essa saga eterna que o espetáculo “Nordestinos” encara com muita coragem.
A partir de relatos verdadeiros de homens e mulheres que vieram viver o sonho no Sul Maravilha, Alexandre Lino realiza um projeto transmídia que inclui a peça, um livro e um documentário. A peça, dirigida por Tuca Andrada, com dramaturgia de Valter Daguerre, apresenta as histórias que se entremeiam, misturam, coincidem, sem perder de vista o principal: o drama é individual, mas as angústias são comuns.
Os quatro atores, Alexandre Lino, Erlene Melo, Paulo Roque e Rose Germano, dançam um balé que vai do solo ao pas de quatre, revezando-se nas várias histórias, em diferentes idades e humores. O texto reflete a autobiografia, mas também evidencia a gênesis da partida como uma forma de responder ao diálogo que é uma vida de sacrifícios, sem oportunidades – seca como a terra.
É triste, é alegre. É luta, é renúncia. É dor, é prazer. E a utilização dos mamulengos, os bonecos/fantoches de manipulação confere mais do que o ar pitoresco de se ter uma manifestação folclórica. É a prova que, mesmo com a vida manipulada, com um destino que não se escolhe, pode-se encontrar no caminho do próprio destino a certeza que viver é mais do que sobreviver: é vencer, seja na situação que for.
Serviço
Teatro Eva Herz,
Quinta a Sábado às 19:30h)
Sites: www.cineteatroproducoes.com.br e nordestinos.cineteatroproducoes.com.br