Ex-presidente da Associação Brasileira das Empresas do Mercado Erótico e Sensual (ABEME) e um dos seus criadores, Evaldo Shiroma está à frente da 23ª edição da Erotika Fair, que vai de sexta-feira a domingo (01 a 03/04) no centro de eventos Pro Magno, em São Paulo. A feira é a maior da América Latina no mercado erótico e a quarta do mundo. Formado em publicidade e com um curso de engenharia civil não concluído, Evaldo criou a feira em 1997, depois de fazer uma pesquisa informal e constatar que 99% das mulheres tinham curiosidade de entrar numa sex shop, mas não tinham coragem. Sua experiência de publicitário também foi fundamental para planejar o formato do evento: ele sabia que se fizesse somente uma feira de negócios, a ideia não decolaria. Colocou, então, shows, exposições de arte erótica e jogos interativos e, mais recentemente, moda e muita informação, em palestras e worshops.
Mesmo com a crise econômica, que ele admite que afetou o setor, Shiroma quer construir um Parque Erótico, uma espécie de Disneylândia do sexo, baseado nas fantasias e anseios do seu público e com um pouco de tudo que acontece pelo mundo em torno do tema. Para isso, ela já tem até a maquete com as inúmeras atrações: dentre elas, um trem dos prazeres, com gogo boys e gogo girls no lugar das assombrações, e uma piscina de nudismo.
Por que você ainda não trouxe a Erotika Fair para o Rio? Os cariocas são autossuficientes no assunto ou foi outro o motivo?
“Na verdade, surgiram dois eventos no Rio, a Hot Fair e a Expo Hot. No mercado de feiras existe uma ética de um promotor não invadir a praia do outro”
O mercado erótico foi afetado com a crise financeira do país? Se sim, que medidas tomou para reduzir custos? Existem modos de tornar a experiência sexual mais acessível?
“Como em tudo neste momento econômico que estamos vivendo, não foi diferente com o mercado erótico, foi atingido pela crise: vendas caíram, lojas e fábricas fecharam, mas o mercado oferece produtos ou fantasias para todos os bolsos. O importante é levar as novidades ao conhecimento do público que não as conhece”.
Que mudanças você observou no seu público durante esses 23 anos? O público gay é um grande cliente?
“Sem dúvida, mas o público feminino é quem puxa o mercado. Ainda responde por mais de 70% da demanda”.
Teve alguma prática sexual que você percebeu ter aumentado no país ou que, pelo menos, teve procura maior de acessórios?
“Depois do livro ’50 Tons de Cinza’, os acessórios fetichistas como venda, algema e chicote tiveram um crescimento de vendas.
O Brasil tem uma indústria competitiva no que se refere a produtos eróticos ou a maioria é de importados? Tem algum produto que foi invenção inteiramente brasileira?
“Aqui se vende muito importado, mas a relação cambial não nos favorece. O brasileiro começou a produzir para não deixar de atender ao seu público. A cosmética brasileira é respeitada e exportada para alguns países da América do Sul (Chile, Argentina), Europa, Oceania e África. Viva a Anvisa e a seriedade e competência do órgão! São géis e óleos de massagem que esquentam, esfriam e vibram….e como vibram! Choquinhos saudáveis….Os géis lubrificantes são essenciais para ajudar na qualidade da relação sexual, antes, durante e depois. Para massagear, degustar, brincar e escorregar sem frescuras (rs)”.
O que vai ser o Parque Erótico? Ele vai ser permanente?
“É um sonho meu desde 1998, cujo objetivo é abrir o tema em grande escala e de forma permanente para o público mundial, um local de muita experimentação. Quando falamos de erotismo, falamos de várias vertentes que giram em torno do tema: o sadomasoquismo, swingers, dogging no carro (nota do site – dogging é o sexo praticado em local público, quando curiosos são encorajados a ficarem olhando o casal), entre outros. A ideia é ter tudo isso reunido em um único espaço. Teremos suítes inéditas de motéis, teatro exclusivamente erótico, museu e exposições, e várias brincadeiras eróticas”.