Johnny Massaro, segundo os atores que trabalham com ele, é um profissional bastante sensível, como o seu último personagem na tevê, Cesario Stewart, o rapaz de classe alta que vai morar na favela, na novela “A Regra do Jogo”. Ele também é escritor, já dirigiu alguns curta-metragens e uma peça, Alice e Gabriel. Além disso, desenvolve uma carreira consistente no teatro – sua última peça, Cara de Fogo, esteve em cartaz até janeiro no CCBB. Não a toa, recebeu o Prêmio Contigo! TV de ator revelação, por “Malhação”, em 2009, e, em 2014, o Prêmio Quem como ator coadjuvante, em “Meu Pedacinho de Chão”.
No cinema, vamos poder vê-lo num papel de protagonista em “O filme da minha vida”, dirigido por Selton Mello, ambientado no Sul e na década de 1960. Johnny interpreta um jovem em amadurecimento, que tem uma relação estreita com a mãe e sente a ausência do pai, um personagem francês – vivido por Vincent Cassel, o ator de “Cisne Negro” e “Onze homens e um segredo”.
Com tão pouco tempo de carreira vc atuou em 18 peças, teve oito participações em novelas e séries e fez oito filmes. Como surgiu sua ligação com a arte de representar? E como foi parar na Globo?
“Provavelmente surgiu de algum lugar de dentro. Dessas coisas que não se explicam e que simplesmente não podem ser diferente, são o que são. O primeiro desejo reconhecível era o de fazer parte de “Chiquititas”, o que não aconteceu. Mas outras coisas aconteceram, felizmente. Ironicamente meu primeiro trabalho foi a adaptação brasileira de Floricienta, uma novela da mesma autora de “Chiquititas”. Depois dali, fiz “Malhação”, que na época era escrita pelas autoras de “Floribella”.
Você disse que acha a fama hilária. E o assédio feminino que vem a reboque, o que pensa a respeito?
“Penso que vem a reboque”.
Perfil de galã você não quer fazer. Como quer que o público te veja? Numa linha talvez menos convencional, como o ator Adrien Brody?
“Calma, eu disse isso? Rs. Na verdade, acho ótima a possibilidade de fazer galã. O que acho terrível é ficar encarcerado nesse perfil ou em qualquer outro. E sobre o público, a ideia é exatamente que ele não me veja”.
Para interpretar o Cesário, de “A Regra do Jogo”, fez algum laboratório em favelas ou já conhecia as comunidades cariocas?
“Não fiz laboratório em nenhuma comunidade, até mesmo porque no princípio eu nem sabia que ele iria morar numa. De todo modo, não acho que seria o caso”.
O carioca da classe alta pode se apaixonar realmente por alguém que more numa comunidade?
“Eu gosto de lembrar que estamos no século XXI e que certos questionamentos, como esse, não deveriam nem existir”.
A audiência não muito satisfatória de “A Regra do Jogo”, no início, interferiu no clima de trabalho dos atores?
“Interferiu, naturalmente. Mas entendíamos que os motivos passavam por muitos setores antes de chegar na gente”.
Tem alguma lembrança cômica que você vai levar da gravação da novela?
“Muitas! Meu núcleo era muito, muito especial: Renata, Zé, Bárbara, Bruna, Pigossi, Déborah, Du. Foi verdadeiramente prazeroso”.
Como foi fazer o papel de protagonista em “O filme da minha vida”, dirigido por Selton Mello? E contracenar com Vincent Cassel? O filme vai ser lançado quando?
“Foi uma das experiências mais intensas, profissional e pessoalmente. Primeiro porque acabei uma série, “Amorteamo” (nota do site: série exibida pela Globo de maio a junho de 2015) no sábado, viajei para Bento Gonçalves no domingo e comecei a filmar na segunda. Segundo porque o Selton é muito sensível e eu o admiro muito, não queria decepcioná-lo. Terceiro porque não tinha me dado conta que passaria dois meses morando fora, num hotel. E a lista continua. O Vincent é incrível. Tem um domínio absurdo do fazer cinematográfico e é extremamente leve. O filme sai no segundo semestre”.