Entendimento que, na verdade, é desentendimento. Certeza que retrata a incerteza. Revelar o que não se revela nem para o travesseiro. E confusões, mais confusões. Assim é a base do enredo de Relações Aparentes, do premiado autor Alan Ayckbourn. Com o título em inglês, “Relativity Speaking”, que brinca com a situação principal da peça – o engano sobre a identidade dos pais da jovem protagonista – é uma comédia clássica dos anos 60.
Os atores Vera Fischer, Tato Gabus Mendes, Michel Blois e Anna Sophia Folch fazem, respectivamente, o casal mais velho e o casal de jovens da história, que conta como Greg, ao seguir impulsivamente Ginny ao que imagina ser a casa dos pais da jovem, abre o caminho para uma série estonteante de mal-entendidos. Greg pensa estar na casa dos pais de sua namorada, enquanto Philip(Tato) pensa que Greg é o amante da própria esposa, Sheila (Vera).
Uma Vera Fischer clássica, ou deslumbrante, um pleonasmo, traz leveza aos conflitos de uma mulher de meia-idade, uma quase inocência na forma de perceber o mundo. Mais do que isso, Relações Aparentes, com ação que se desenrola em um cenário único (de Marcos Flaksman), reproduzindo um jardim típico, aponta que o processo que mostra que a dor conjugal se estende por todo e qualquer ambiente, mesmo longe da cama.
Ginny é amante de Phillip, mas procura um jovem marido para se estabelecer. Sheila inventa um amante para ver se sacode o casamento. Greg segue Ginny, pois desconfia dos presentes que ela recebe. Todos procuram alguma certeza. Porém as aparências são relativas, enganam: não existem pares amorosos, não existe casamento feliz. O que resta é rir das confusões e saber que o amor, em si, já e um mal-entendido.
SERVIÇO:
Sala Fernanda Montenegro
Quintas, Sextas e Sábados às 21h
Domingos às 20h