Muito homem ficou com medo de chegar às mulheres no último carnaval, depois de tanta campanha, depois de tanta camiseta, depois de tanta cartilha distribuída, esclarecendo o que pode ou não pode. Tipo: “conversar” pode; puxar o braço, “não pode”; “dar apelidos”, não pode; “ser gentil”, pode. Ah, gente, era só o que faltava! Um desses movimentos chama “Empoderamento”, outro, “Respeite as mulheres” e tem até um outro “Chega de fiu fiu” – existe algo mais inocente do que um fiu fiu? Parece até ingênuo. Não poder chamar uma mulher de gostosa? Não estou defendendo violência; pelo amor de Deus. Contra o estupro e o assédio grosseiro, sim, mas a favor de uma boa paquera, é ou não é? Os defensores do politicamente correto transformaram a azaração em assédio em espaço público. O mundo virtual já está aí para atrapalhar a aproximação física. Diante de tantas restrições, onde fica a espontaneidade? Ainda mais quando se trata de emoção, sentimento, tesão – o cara que tem pegada não é, nem nunca foi, o cara que dá porrada. A foto é de Ruth Orkin.