Mais do que um bolinho, o acarajé é alimento sagrado na Bahia, tratado até como abençoado. A nova etapa da Lava-Jato, chamada de “Operação Acarajé” (nome usado pelos suspeitos, referindo-se ao dinheiro ilegal, segundo a PF), desagradou (mas nem tanto?) a quem faz o quitute. Com a prisão temporária do publicitário baiano João Santana, marqueteiro das campanhas da presidente Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula, em 2006, nesta terça-feira (23/02), o acarajé caiu na boca do povo e, desta vez, não foi para dar prazer – ou foi? Olha o que dizem os quituteiros (depoimentos apurados pelo jornalista Tamyr Mota):
Tânia Couto (barraca na Barra): “Acho péssima essa relação do nosso patrimônio cultural com uma situação tão suja que o país vive! Mas, em termos de venda, não mudou nada; então, com o tempo, a gente nem vai lembrar que existiu isso”.
Gregório Silva (barraca em Piatã, um dos poucos homens nesse ofício): “Se para eles acarajé significa dinheiro, pra gente significa um alimento sagrado, que é nossa forma de viver! Temos que nos manifestar contra!”
Rita Maria (barraca na Ribeira, Cidade Baixa): “Achei ótimo chamarem de “Operação Acarajé”. As pessoas estão chegando aqui dizendo que o acarajé está mais famoso ainda, e por isso estão sentindo ainda mais vontade de comer! Se associaram à corrupção, problema deles; pra gente isso não quer dizer nada.”