“Processo de Conscerto do Desejo” – Um ritual de purificação
Já houve quem dissesse que o Complexo de Édipo é uma invenção de um judeu alemão. Que essa história de sublimação é coisa de gente que não sabe viver na realidade. Mas quando vemos a força vital de Matheus Nachtergaele em “Processo de Conscerto do Desejo“, aprendemos o que pode fazer uma pessoa, cuja mãe se suicida no dia do batizado, para expurgar os demônios.
Acompanhado pelo músico Luã Belik (violão), com participação especial do violinista Henrique Rohrmann, Matheus fala os poemas de sua jovem mãe de 22 anos, Maria Cecília Nachtergaele, em primeira pessoa, vestido num longo preto. Anda, deita, levanta, senta, dança, ri, chora, fica silencioso, mas despeja toda aquela emoção. Como se fosse um rio: violento, caudaloso, vazante, enchente, mas algo que flui sem parar.
“Preciso das pessoas como observadores emocionados disso tudo. Quero ir consertando meu desejo de acordo com essa emoção, dia após dia. Como na vida. Como no teatro. Isso, só o teatro pode nos trazer. Temos um horário alternativo, um ator, um violão, lindos poemas e a canção. Tudo pequenininho para a grandeza do essencial: artista e espectador em oração profana”, fala Matheus, ator e diretor.
Apesar da plateia se sentar numa pequena arquibancada, estamos, na verdade, envolvidos na história do outro, que acaba sendo a nossa história. Pais poderiam ser, muitas das vezes, nosso conserto, mas agem para estragar, alguns, o jeito bacana que somos. Mas ao mesmo tempo, construímos com a vida essa parceria de sons, muitas vezes dissonantes, harmoniosos. Fortes, fracos, piano, staccato. Mas construímos sempre.
SERVIÇO:
Terças e Quartas-feiras, às 21h