Homero Olivetto está numa expectativa danada: terça-feira (19/01) vai ser a pré–estreia do seu primeiro longa de ficção, “Reza a Lenda”, no cinema do Village Mall, na Barra. O filme, uma coprodução da Imagem Filmes, da Globo Filmes e da Paramount Pictures, apresenta no elenco os atores Cauã Reymond, Sophie Charlotte, Luísa Arraes, Humberto Martins e Jesuíta Barbosa.
O longa investe no gênero de ação, pouco explorado nas telas nacionais, e conta a história de um bando de motoqueiros armados que acredita numa antiga lenda e arrisca suas vidas em busca de liberdade e justiça. O cinema não é novidade, no entanto, para o paulistano, que foi roteirista de “Bruna Surfistinha” e produziu “Os Homens são de Marte… E é pra lá que eu vou”.
Homero é um cineasta completo, estudioso, que vê o assunto na totalidade, como roteirista, diretor e produtor, além de ser um cara super na dele — nada dentro desse tema passa indiferente. É, ainda, dono de uma produtora, a Ouro 21, com sua mulher, Kiki Lavigne. Faz, também, comerciais — não fosse ele filho do publicitário Washington Olivetto.
“Reza a Lenda” tem grande estreia nacional na quinta-feira (21/01).
Sua primeira direção foi um documentário (“Maria Rita”, em 2003), seguido pelo roteiro do drama erótico “Bruna Surfistinha”, em 2011; a produção associada da comédia “Os Homens são de Marte .. E é pra lá que eu vou”, em 2014; e, por último, a direção do faroeste nordestino “Reza a Lenda”. Qual será sua próxima investida? Um filme de terror, um romance de época? (rs)
“Hehehe. Agora me chamaram pra escrever uma biografia; depois devo dirigir um filme histórico de ação. Só Deus sabe!”
Como foi filmar na paisagem árida de Petrolina, Juazeiro e Sobradinho? Vocês tiveram muita dificuldade de produção – algum caso interessante para contar, nesse sentido? O conforto do elenco ficou comprometido?
“O conforto de todo mundo ficou comprometido, mas a produção foi muito ninja e conseguiu um trailer pequeno de uma pessoa em Petrolina com ar-condicionado, quarto, banheiro com chuveiro. Nos dias em que o trailer estava no set, era uma alegria pro elenco. O maior problema de filmar no calor do sertão é que temos que correr pra conseguir fazer tudo; mas, se corremos, desmaiamos. Achar esse equilíbrio, o ritmo dessa marcha atlética nas diárias, foi um dos desafios.”
Aconteceu de algum ator em particular ter te surpreendido pela adaptação às condições de filmagem? Artistas locais também trabalharam no filme?
“Todos os atores foram muito generosos, entregues. A minha gratidão é muito grande. Nos ensaios, o Chico Accioly (quem preparou o elenco) levou o pessoal pra umas roubadas: passar o dia no sol, comendo gororoba com a mão, andando na caatinga. Não participei desse momento, mas deve ter sido interessante. O trabalho do Chico foi muito importante pra conseguirmos essa unidade do elenco, da intenção do filme, inclusive dos atores que vinham de fora com o elenco local, que, em alguns casos, nem atores eram.”
Por que, na sua opinião, temos tão poucos filmes de ação no cinema nacional?
“Porque filmes de ação são mais caros, tomam mais tempo pra fazer. Acho que é principalmente por isso.”
Você conquistou o prêmio de Melhor Roteiro Adaptado no Grande Prêmio do Cinema Brasileiro de 2012, com o roteiro de “Bruna Surfistinha”, em trabalho conjunto com Antonia Pellegrino e José de Carvalho. Você é um roteirista autodidata?
“Hehehe. Sou. Li muitos livros sobre isso, fiz cursos, estudei cinema por dois anos. Mas acho que quase todo roteirista é autodidata.”
A Paramount é coprodutora de “Reza a Lenda”. Você se sentiu tendo de fazer um filme com padrão “hollywoodiano”?
“Não. O caso da Paramount pra mim é motivo de muito orgulho. Eles viram um primeiro corte do filme, gostaram e decidiram entrar. O filme já tinha seu padrão, e a Paramount achou que se encaixava no perfil deles. Foi muito bom isso”.