A poucos dias do desfile do Timoneiros da Viola, que sai dia 31 em Oswaldo Cruz, na Praça Paulo da Portela, o criador do bloco, Vagner Fernandes, mandou refazer todas as camisetas e material gráfico. Jornalista e pesquisador, Vagner recebeu uma mensagem de Geisa Ketti, filha do compositor Zé Ketti, o homenageado deste ano pelo Timoneiros, que não poderia deixar de dar atenção. Ela informou a Vagner sobre um erro histórico, cometido por várias décadas em capas de vinis, CDs, livros, DVDs e nas matérias jornalísticas sobre o sambista carioca, que morreu em 1999. Seu nome artístico, na verdade, era Zé Ketti, com dois “T” e sem acento no segundo “E”, e não Zé Kéti, como nos acostumamos a escrever. Vagner preferiu encarar o prejuízo a manter o erro grave de grafia.
O autor de “A Voz do Morro”, “Máscara Negra” e “Opinião” se chamava José Flores de Jesus, mas era conhecido na infância como Zé Quietinho ou Zé Quieto. Quieto virou Ketti porque a inicial K do nome artístico era a letra que na época era vista como de sorte e da moda, de estadistas como Kennedy, Krushev e Kubitscheck.
Paulinho da Viola, padrinho do Timoneiros, deu seu aval para a escolha do sambista portelense como homenageado de 2016. “O Zé tem uma importância grande na minha trajetória. Foi ele e o Sérgio Cabral (pai) que me batizaram Paulinho da Viola, lá no Zicartola, restaurante que Dona Zica e Cartola mantiveram por 20 meses na Rua da Carioca, no Centro. Homenageá-lo é de fundamental importância”, diz.
Vagner também está animado com o desfile deste ano, que marca os cinco anos do bloco: “O Zé Ketti possui uma obra incrível que perpassa o amor bucólico e puro, o cotidiano do mundo do samba, o dia-a-dia doméstico e a contestação política. É completo”, finaliza.